
Nunca mais vou olhar-me ao espelho e ver cada brilho profundo e belo que é elementar mas significativo. Outrora, o que vejo pode não ser real, o que sou pode não ser verdadeiro, o que sinto cá dentro pode ter outra definição. Poderá alguém, com o seu poder de prever o futuro, dizer que algo próximo vai acabar ? Mencionar que os corpos que se juntam agora no presente não se irão juntar proximamente ? Que o tocar no "tu" pode ser na verdade tocar no "nada" ?
Nunca mais vou olhar para as chamas, o intercalar das cores e o seu movimento semelhante ao da água do rio. Aquele rio que tal como o ser humano, nasce, vive e morre, que chora lágrimas salgadas e habitua-se a viver com outros rios, dando nome de mar a essa mistura, tal como o conjunto de seres humanos se dá o nome de Humanidade.
Nunca mais vou sentir o vento na minha cara e sentir-me a arrefecer, ouvi-lo a bater na janela provocando um assobio temeroso que arrepia a pele. Se não vou voltar a ouvir o vento, de facto, sentirei saudade de sentir a chuva a cair, molhando o meu corpo e humidificando a minha face, encharcando o meu cabelo e derretendo todas as mágoas.
Nunca mais olharei para o céu, reflectir, inspirar aquele ar, olhar para as núvens e imaginar se podesse tocar numa delas, senti-las como se fosse tocar em algodão doce, amachucá-las.
O que acontecerá depois ? Qual é o caminho que percorrerei ? Onde estarei ?
Por uns dias, serei lembrada, e nos minutos seguintes cairei no esquecimento. Serei relembrada através de objectos, de dias ou de maneiras de agir. O meu corpo jamais voltará a estar de pé, os meus olhos jamais voltarão a ser vistos, a cor deles, o castanho, será memorado através de fotografias, pois só eu possuo esse castanho especial. Os meus textos, as minhas letras, todas elas serão lidas e, depois de substituidas por outros escritores, poetas, dramaturgos, serão mandados para o lixo.
Não me importarei ! O meu corpo jamais se erguerá mas a minha alma atormentará aqueles que escrevem como lucro e não por gosto. O meu corpo pode ser a matéria que me faz sentir, cheirar, ouvir, ver e saborear, mas EU, mesmo depois de milhares de anos, continuarei a sentir os meus textos, continuarei a cheirar o aroma de cada palavra, continuarei a ouvir críticas e elogios, continuarei a ver o valor de cada frase e continuarei a saborear as minhas sopas de letras.
Nunca mais vou olhar para as chamas, o intercalar das cores e o seu movimento semelhante ao da água do rio. Aquele rio que tal como o ser humano, nasce, vive e morre, que chora lágrimas salgadas e habitua-se a viver com outros rios, dando nome de mar a essa mistura, tal como o conjunto de seres humanos se dá o nome de Humanidade.
Nunca mais vou sentir o vento na minha cara e sentir-me a arrefecer, ouvi-lo a bater na janela provocando um assobio temeroso que arrepia a pele. Se não vou voltar a ouvir o vento, de facto, sentirei saudade de sentir a chuva a cair, molhando o meu corpo e humidificando a minha face, encharcando o meu cabelo e derretendo todas as mágoas.
Nunca mais olharei para o céu, reflectir, inspirar aquele ar, olhar para as núvens e imaginar se podesse tocar numa delas, senti-las como se fosse tocar em algodão doce, amachucá-las.
O que acontecerá depois ? Qual é o caminho que percorrerei ? Onde estarei ?
Por uns dias, serei lembrada, e nos minutos seguintes cairei no esquecimento. Serei relembrada através de objectos, de dias ou de maneiras de agir. O meu corpo jamais voltará a estar de pé, os meus olhos jamais voltarão a ser vistos, a cor deles, o castanho, será memorado através de fotografias, pois só eu possuo esse castanho especial. Os meus textos, as minhas letras, todas elas serão lidas e, depois de substituidas por outros escritores, poetas, dramaturgos, serão mandados para o lixo.
Não me importarei ! O meu corpo jamais se erguerá mas a minha alma atormentará aqueles que escrevem como lucro e não por gosto. O meu corpo pode ser a matéria que me faz sentir, cheirar, ouvir, ver e saborear, mas EU, mesmo depois de milhares de anos, continuarei a sentir os meus textos, continuarei a cheirar o aroma de cada palavra, continuarei a ouvir críticas e elogios, continuarei a ver o valor de cada frase e continuarei a saborear as minhas sopas de letras.
Poderei não ser memorada, mas não serei esquecida tão facilmente.
Marcarei e continuarei a marcar até me esgotarem as forças.