domingo, 17 de janeiro de 2010

O depois


Nunca mais vou olhar-me ao espelho e ver cada brilho profundo e belo que é elementar mas significativo. Outrora, o que vejo pode não ser real, o que sou pode não ser verdadeiro, o que sinto cá dentro pode ter outra definição. Poderá alguém, com o seu poder de prever o futuro, dizer que algo próximo vai acabar ? Mencionar que os corpos que se juntam agora no presente não se irão juntar proximamente ? Que o tocar no "tu" pode ser na verdade tocar no "nada" ?
Nunca mais vou olhar para as chamas, o intercalar das cores e o seu movimento semelhante ao da água do rio. Aquele rio que tal como o ser humano, nasce, vive e morre, que chora lágrimas salgadas e habitua-se a viver com outros rios, dando nome de mar a essa mistura, tal como o conjunto de seres humanos se dá o nome de Humanidade.
Nunca mais vou sentir o vento na minha cara e sentir-me a arrefecer, ouvi-lo a bater na janela provocando um assobio temeroso que arrepia a pele. Se não vou voltar a ouvir o vento, de facto, sentirei saudade de sentir a chuva a cair, molhando o meu corpo e humidificando a minha face, encharcando o meu cabelo e derretendo todas as mágoas.
Nunca mais olharei para o céu, reflectir, inspirar aquele ar, olhar para as núvens e imaginar se podesse tocar numa delas, senti-las como se fosse tocar em algodão doce, amachucá-las.
O que acontecerá depois ? Qual é o caminho que percorrerei ? Onde estarei ?
Por uns dias, serei lembrada, e nos minutos seguintes cairei no esquecimento. Serei relembrada através de objectos, de dias ou de maneiras de agir. O meu corpo jamais voltará a estar de pé, os meus olhos jamais voltarão a ser vistos, a cor deles, o castanho, será memorado através de fotografias, pois só eu possuo esse castanho especial. Os meus textos, as minhas letras, todas elas serão lidas e, depois de substituidas por outros escritores, poetas, dramaturgos, serão mandados para o lixo.
Não me importarei ! O meu corpo jamais se erguerá mas a minha alma atormentará aqueles que escrevem como lucro e não por gosto. O meu corpo pode ser a matéria que me faz sentir, cheirar, ouvir, ver e saborear, mas EU, mesmo depois de milhares de anos, continuarei a sentir os meus textos, continuarei a cheirar o aroma de cada palavra, continuarei a ouvir críticas e elogios, continuarei a ver o valor de cada frase e continuarei a saborear as minhas sopas de letras.


Poderei não ser memorada, mas não serei esquecida tão facilmente.

Marcarei e continuarei a marcar até me esgotarem as forças.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O papel principal



As luzes apagam-se, as cortinas abrem-se, e lá estás tu num cenário maravilhoso a interpretar a tua peça de teatro. Com o papel principal descobres alguém que te ama, que cai nas tuas deixas dramáticas que pedem para voltar e para acreditar num final feliz, que garantes sem preconceitos. Aquelas palavras sentimentais que descrevem o "amo-te" como uma almofada de penas, que é moldada pelas tuas mãos e que nos faz sentir a flutuar como se fossemos sonhar, como se estivessemos num mundo irreal onde o amor verdadeiro existe, mas que na verdade é pura pedra. E os teus gestos, aquela mão que desliza pela minha cara que tu, a personagem principal de toda a peça, sabes que na verdade isso a manipula e cada vez mais fá-la acreditar que podes ser o grande amor da vida dela. Os teus olhos, aqueles olhos que brilham quando falas com ela e fazem acreditar que o teu amor é sincero e que estás a dizer a verdade nua e crua.
(...)
Mas por trás dessa faceta existe alguém, alguém que trai, alguém que magoa, alguém que faz sofrer, alguém que ri dos outros, alguém que brinca com sentimentos, alguém que não sabe o que é amar. É a tua personalidade mais cruel e ruim que em vez de te deixar com o título de "homem apaixonado" te deixa com o título de "falsidade em pessoa", e assim a tua maneira de ser o prova. Como é possivel existir, dentro de um cenário romântico e maravilhoso, durante um jantar à luz das velas ou um passeio na praia, um "eu" interior que anseia por sexo e que o declara como um jogo de ilusão ? E na praia, como és capaz de escrever na areia usando um pauzinho a palavra "amo-te" se nem sabes o que é amar ? E, sabendo que é cruel da tua parte, fazes de tudo para captar essa atenção feminina que precisas, usando o teu charme natural ou sexual e omitindo a dor e os objectivos que tencionas alcançar . É assim que vives a tua vida, julgando e manipulando os outros para obteres o que queres.

E assim, as luzes acendem, os aplausos surgem com agrado, as cortinas fecham e lá vais tu embora, até que apareça outra para recomeçares o teu ciclo, a tua rotina, a tua própria peça de teatro.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mentalidades

Viajo, olho, navego escondida
Sinto saudade, sinto falta de uns minutos de vida
Quero pois sair mas há algo que me prende
Neste minuto de sofrimento, nesta dor que não se sente
Como posso não acreditar que tudo já não é igual
Se tudo o que fazes e dizes te parece ser natural ?
Como queres que não chore se tu és o culpado
Pelas lágrimas derramadas, pelo coração quebrado ?
Magoado ? Talvez, mas ainda bate e não chora
Até que a morte nos separe - palavras da boca para fora
Mas tu sabes o que é amar ? Dizer que sim é perder tempo
Trocas-me pura e simplesmente por uma garrafa de catembo
O amor não se diz, não se vê, não se explica
Mostra-se através de acções e do tempo que se dedica
O alcool serve de consolo porque estás em solidão
Mas para ti é cagativo desde que o tenhas na mão
Não me quiseste amar, não me incomodo nem um bocado
Agarra na tua cerveja porque tu para mim já és passado

És fraco porque pensas que todas te querem ter
Mas a maior parte delas nem te queria pa f*
Tu sabes, tens de ser tu a dar o passo certo
Mas sabes que não é correcto
Queres-te armar em cupido
Mas no final estás fudido
Confuso ficas, mas partes sempre para outra
Roças-te nela até achares que ela está louca
Mas ela olha para ti com um ar super normal
Não dás tusa nenhuma nem com o teu olhar "fatal"
Só me apetece rir, não sabes para onde ir
Comes as gajas com damo e no final tás a fugir
Não tás a conseguir não consegues dar pica
No dia que a conheces dás logo a tua dica:
"Dás-me o teu número ?" ou "Posso-te conhecer ?"
E no dia a seguir já estás pronto para a comer
Cair nas tuas palavras é o pior erro de sempre
Porque só sabes dizer e quando dizes, MENTES
Admito que acreditei, esperanças sempre tive
Mas quando pudeste empurraste-me do declive
Eu no fundo sabia que tu mentias
Mas queria ver até que ponto é que ias
Sentia, grande atracção por ti
Mas acho que depois disto nem sei o que aprendi
Ganhei um par de cornos, talvez até mais
Porque pensava que eras diferente, afinal todos são iguais
Consegues mentir, fingir tal como uma criança
Consegues desiludir e diminuir a confiança
Depois deste tempo todo agora sei a verdade
E cheguei à conclusão que tens pouca mentalidade
Eu escrevo isto mas não preciso de ti para nada
Prefiro estar sozinha do que mal acompanhada
Cresce, mas ya volta para as tuas cumidelas
Como te achas tão bom, que venham eles em vez delas

sábado, 2 de janeiro de 2010

Um amor virtual

03 Janeiro 2010, 8h18

Olha para as horas. Não consigo parar de pensar no que fomos. Como podes dizer que me amas sabendo que tens uma namorada que te quer mais que tudo, que nunca te trocaria por nada, que te ama ? Dou sempre um passo atrás e torno-me uma pessoa que não sou.
Lembras-te daquela menina linda e querida que conheceste ? Aquela que fazia chamada de video contigo e que tinha vergonha de falar através do microfone ! Aquela que escrevia o teu nome na parede da sala de aula e que te mandava SMS's todos os dias para saber como estavas ! Aquela que pensava em ti 25h por dia e que ia ao MSN para falar só e unicamente contigo ! Aquela que ficava envergonhada com as tuas palavras e que pedia à mãe para deixar ficar um pouco mais no computador ! Aquela que dizia que te amava todos os dias e mais do que uma vez, e que imaginava um futuro com casa e filhos teus.
Era eu sabes ... mas cresci e à medida que o tempo passava achei que não era assim tão importante para ti, que não me amavas tanto quanto dizias, porque durante estes 2 ou 3 anos arranjaste pelo menos 3 namoradas. A minha reacção ? Doía mais saber que estavas a mais de 300km de distância que me impedia de cortar as tuas relações. Tinha ciúmes, tinha raiva porque queria que fosses meu por completo !
Agora cresci. Se te amo ? Sou-te sincera, já te amei mais, e admito que fui esquecendo que existias porque acho que houve promessas quebradas, sentimentos falsos ou inexistentes até, corações partidos e lágrimas derramadas porque dizias que tinhas um amor presente com uma, e que tinhas um amor distante comigo. Duas vezes, chorei na câmara duas vezes por causa de ti. Não valeu a pena, porque hoje sei que nem as minhas lágrimas conseguem arranjar o que está estragado. Estragado sim, porque no meu ponto de vista o amor que sentiamos um pelo outro foi verdadeiro, foi sentido, teve significado mas não permaneceu. O que é bom acaba depressa não é ?
Só Deus sabe as vezes que por ti chorei sem teres conhecimento, as vezes que sonhei que seríamos o casal perfeito, o clone do amor. As pessoas pelos vistos mudam muito, e eu mudei. Hoje penso de outra maneira e penso que talvez tivesse sido diferente se o mundo virtual se tornasse num mundo real. Se em vez de existir uma pequena máquina que me permite ver-te, existisse uma que me permitisse tocar-te, se em vez de existir um correio electrónico que me mostra palavras carinhosas, houvesse uma carta que te enviasse um beijo meu para poderes sentir pelo menos os meus lábios durante uns segundos, deixando as palavras para mais tarde. Se em vez de existirem fotos minhas no teu computador pudesse existir algo que me transportasse até ao teu quarto em minutos, para poder dar-te um abraço e sentir os teus braços a envolverem-me. Só o futuro o dirá porque neste século isto passa-se de uma coisa bizarra, uma fantasia minha, uma história amorosa de uma rapariga e de um rapaz da mesma idade que, apesar de não se verem e de saberem que o amor virtual não existe, eles sentiam amor um pelo outro. Que apesar da distância ansiavam cada vez mais poderem estar um com o outro. Estou de directa, e pensar que desabafo desta maneira através de um blog! Sim, porque infelizmente só a Internet me permite falar contigo, porque infelizmente não posso dizer-to pessoalmente.
Não sou maior de idade, não tenho carro, não tenho nada que me faça estar contigo, apenas uma grande vontade, simples recordações e um coração vazio que grita por ti mas tu não estás. Onde estás ? Com a namorada. Se calhar é isso mesmo, somos seres humanos dependentes do destino e o destino escreveu que só podíamos amar-nos virtualmente até que o vento e o tempo nos leve tudo o que nos pertence. Eras o homem da minha vida, virtual.


Destino cruel não é ?

Pois, mas é assim que tem de ser.

Filosofia da Mulher


Sabes aquelas borbulhinhas que por vezes te aparecem quando ficas arrepiado ou assim ? Imagina agora uma borbulhinha dessas no teu lindo rabinho, mesmo na bochechinha ? Faz-te impressão. Tu sentas-te e sentes a borbulhinha a deixar-te com comixão nessa zona, o que fazes ? Coças claro, mas e se estiveres na sala de aula ? Coças ? Se estiveres numa fila enorme para comprares o teu passe escolar ?
Chegas a casa com essa mini borbulhinha e coças até te sentires bem. De manhã acordas tens uma borbulha com ferida, e dói-te ! Está vermelha e só de tocares magoa. Não ligas não é ? Sentas-te normalmente e passas o dia sem pensar nisso. Um dia vais tomar banho para te preparares para ires a casa do teu namorado e tens uma bolha com pus no teu rabo !! Se mexes dói, se não mexes vais ter com o teu namorado com aquela porcaria ?
(...)
E a celulite ? Aquela porcaria que faz parecer que temos buracos nas pernas ou nas nádegas ? Ficam tão mal. Parecem crateras numa colina. E tu olhas-te ao espelho e vês que aquilo não fica nada bem então compras qualquer coisa da Garnier que te faça tirar aquilo para poderes olhar ao espelho e dizer "fogo, que pernas maravilhosas".
(...)
E aquelas veias que aparecem nas pernas por causa dos saltos ? Meu deus, que feio. Acabas por ir sempre de calças para a rua e se estiver verão ou quiseres ir à praia ou ficas em casa, ou vestes calças, ou ficas sempre dentro de água e pões-te sempre de barriga para cima ! Compras cremes e produtos para resultados que não sabes se serão positivos, mas fazes tudo para conseguires ficar com as pernas bonitas para poderes mostrá-las usando saia, vestido ou calções.
(...)
Se eu não gostar de mim, quem gostará ? - às vezes não é bem assim. Temos de nos arranjar porque se não o fizermos sentir-nos-emos mal fisicamente e psicologicamente. Claro que é maravilhoso o interior de uma pessoa, mas à primeira vista qual é o homem que vai querer saber do interior da pessoa se o exterior não presta ?
(...)
Arranjar as sobrancelhas para não pareceres um mocho, pintar as unhas para ficarem atractivas, pores um risco nos olhos para chamar a atenção num caso de olhares sedutores, usares brincos para te dar um ar chique, usar baton para dar uma impressão de lábios doces, cortar as unhas e limá-las para ficarem com umas mãos bonitas, usar soutians para segurar as maminhas e para esconder os mamilos, depilar as pernas, as axilas, o buço e a área púbica para dar uma melhor "beleza" à zona porque os homens não gostam de mulheres com pêlo, não arrotar, não bufar, não deitar ranho ou mostrar macacos do nariz nem sequer pensar em tirá-los com a mão ou à frente de alguém, ter o cuidado de cruzar as pernas quando se usa saia para ninguém ver o que está por baixo, ser arrumada, lavar os dentes, usar uma cinta para ficar elegante, nunca deixar cheiro de meias ou na casa de banho, lavar-se bem e ter um cabelo bonito, saber andar de saltos, ser educada, manter a linha e mantê-la com maior precisão depois de dar à luz !

Haverá algum homem que sofra mais do que nós ? NUNCA !