terça-feira, 27 de abril de 2010

A cegueira


Um dia acordei e tinha a vida do avesso
Mas entendi mais tarde que cada produto tem seu preço
Comecei a sentir , a viver de outra maneira
E esquecer que o destino me pregou uma rasteira
Estudei cada sinal , cada palavra , cada gesto
Escutei cada frase sem atentar ao resto
Senti com maior gosto e firmeza as minhas lágrimas em prol de sentir também o quão triste é não ver
Querer e não poder , ter de aceitar o meu ser
Aumentei os meus limites sem poder olhar para eles
Mas é difícil alcançá-los com barreiras das quais tento passar por cima sem saber a sua altura
Com grande medo de tropeçar e ver apenas escuridão ao pedir ajuda
Escuridão como a cor do carvão , como se estivesse a dormir
Mas em que cada passo que dê é um passo a reflectir
Ouço com maior atenção os pássaros que cantam ou o latido dos cães ao fundo da rua
Sinto com maior precisão a madeira , o metal
O som instrumental , a diferença entre água e espuma
O meu tacto melhorou , agora sei dizer determinadamente o que é o quente e o frio
Mas por vezes não é o tacto que me diz que há algo no vazio
Ontem via , hoje adormeci , sei que vou continuar a dormir e deixar-me-ei levar
Porque mesmo sem os olhos eu continuo a viver , a crescer , a amar
E cada vez que me apontam o dedo ao dizer : olha um cego a andar sozinho !
Ignoro e continuo o meu caminho
Eu tenho pernas , eu consigo andar
Sou um ser humano na mesma , não tenho olhos mas não é isso que me vai fazer parar !

sábado, 17 de abril de 2010

AOTR.


Tudo isto é uma má contradição de sentimentos , uma dúvida nas escolhas , e agora no teu papel tornou-se um confronto constante entre o coração e a razão , mas eu também me sinto assim face às tuas decisões e por vezes também peço a Deus dizendo-lhe que gostava de não gostar de ti , porque tornou-se numa situação tão complicada que eu choro baba e ranho se falas "bem" das tuas ex-namoradas , eu agarro-me à almofada com vontade de te abraçar , eu grito com esperanças que me ouças , eu tremo e entro em pânico só de imaginar que te posso perder ... ! E parte-me o coração o quão frio por vezes és comigo mas gostava que no final se resumisse a uma coisa : podemos dar-nos menos bem , discutir , desprezar-nos um ao outro , ficarmos com o orgulho mas esperando ansiosamente por uma mensagem ou um simples telefonema a dizer « olá » , e até por vezes irritar e meter nojo um ao outro , mas que no fim as nossas atitudes se justificassem com o mesmo pensamento " mas eu gosto dele(a) " .

Magoamo-nos com directas e indirectas , com palavras e atitudes mas , falando mais por mim , eu amo-te tanto quase como uma doença ! E acredito que sintas o mesmo mas ambos já errámos e muitas palavras já deitámos da boca para fora em prol de reacções , sem sequer pensar nos efeitos causadores um no outro, e talvez por vezes como um pedido de atenção. Mesmo que só te tenha passado pela cabeça foi uma das coisas que me tocou profundamente e não consigo acreditar que achas-te que o "nós" não é real mesmo sendo considerado um pensamento vago.
Desculpa se te desiludi ou magoei
Apesar de tudo, eu amo-te muito ...