domingo, 1 de maio de 2011

Os livros

Eu leio muito, faço-o porque gosto. Gosto de me limitar às letras e entender o que pretendem mostrar, integrar-me em cada palavra, colocar-me no assunto e, até por vezes descrever imagens, simbólicas ou não, à minha maneira. Gosto de me sentar na cadeira à sombra de um dia primaveril, e ler. Relaxa-me por me situar num ambiente por vezes silencioso, por vezes natural.
É engraçado o que sinto quando leio, outrora torna-se bastante misterioso. O acto de ler um livro já indica repouso mas parece que até ele mesmo mexe com o leitor. Às vezes, de manhã, sinto-me só, dirijo-me ao alpendre e leio de acordo com o meu estado de espírito. Posso dizer determinadamente que o livro é uma boa companhia para mim, pois consegue fazer-me rir, consegue pôr-me a chorar, consegue deixar-me aborrecida ou curiosa, admirada ou desiludida, e consegue até ser muito bom conselheiro e levar-me a sítios onde nunca fui. Aprendo com ele, atento ao que me diz, vivo de outra forma.
Admito que não sou perfeita, consigo ser cruel ao ponto de julgar os livros simplesmente pela capa, mas acredito também que eles façam o mesmo quando lhes digo inocentemente "eu não te posso ler!". Teoricamente, quando lhes digo isso, eles não são capazes de entender as minhas razões, aliás, como poderia ler eu, pessoa crítica e idosa que sou, uma Banda Desenhada se no entanto eles preferem crianças e pequenos adolescentes, que não se interessam minimamente pela minha preferência de leitura?
Deverei eu entregar-me de corpo e alma a um livro sabendo que ele próprio não me quer ler também?

Se calhar deva...
...se calhar não.

terça-feira, 15 de março de 2011

voltar ou ficar?


Quero estar contigo mas não sei quem és, será a tua intenção ajoelhar-me a teus pés?
Eu sei que é cedo, só passou uma semana, queria acreditar quando me dizes que me amas
Comprei um colar com a tua inicial, mas valerá alguma coisa no resultado final?
Eu não sei se mudaste, acredito que sim porque és outra pessoa quando estás ao pé de mim
Será amor verdadeiro? Será que é paixão? Ou será que o que temos é apenas ilusão?
O sentimento vai crescendo e eu não sei o que fazer, não me quero afastar, não te quero esquecer
Não consigo negar de ti sinto saudade, só queria que me amasses e saber que é verdade
Apesar de não saber o que o destino escolheu, não te quero perder mesmo sabendo que não és meu

Os ciúmes que tinhas, as palavras e os beijos, será o teu amor mais fraco do que o teu próprio desejo?
Serei má pessoa ao ponto de merecer que me faças chorar, que me faças sofrer?
Escondes a relação mas não entendo porquê, nota-se bem que te amo e só não nota quem não vê
Estou contigo estou bem mas depois fico triste, porque acredito num amor que nunca retribuíste
Mas eu sei que se te amo é por alguma razão, é por ter acreditado que nem tudo foi em vão
Estou cega ao ponto de acreditar que não és má pessoa, que só me queres amar
Mas também posso olhar e não olhar com atenção, posso estar a ver o que não existe no teu coração
Não quero que te sintas mal, mas és tudo o que eu quis, e tudo o que eu quero é apenas ser feliz

Eu luto para voltares para mim
Tenho pena que isto tenha acabado assim
Dentro de tão pouco tempo tornei-me logo tua
Podes não acreditar mas é a verdade nua e crua
Os erros que cometi já não posso voltar atrás
Quero dizer-te que te amo mas não sou capaz
Ama-me um segundo, deixa-me sentir amada
Digo que gosto de ti mas isso não é quase nada

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Luavezinha (modificado)


Minha filha tem um adormecer custoso. Ninguém sabe os medos que o sono acorda nela. Cada noite sou chamado a pai e invento-lhe um embalo. Desse encargo me saio sempre mal. Já vou pontuando fim na história quando ela me pede mais:
- “E depois?”
O que Rita quer é que o mundo inteiro seja adormecido. E ela sempre argumenta um sonho de encontro ao sono: quer ser lua. A menina quer luarejar e, os dois, faz contarmo-nos assim, eu terra, ela lua. As tradições moçambicanas ainda lhe aumentam o namoro lunar. A menina ouve, em plena verdade da rua: "olha os cornos da lua estão para baixo: vai cair a chuva que a lua guarda na barriga".
Me deu, um destes dias, a ideia de lhe contar uma estorinha para fazer pousar o sonho dela. E desencorajar seus infindáveis “e depois”. Lhe inventei a estória que agora vos conto.
Era uma avezita que sonhava em seu poleirinho. Olhava o luar e fazia subir fantasias pelo céu. Seu sonho se imensidava:
- “Hei-de pousar lá, na lua”.
Os outros lhe chamavam à térrea realidade. Mas o passarinho devaneava, insistonto: vou subir lá, mais acima que os firmamentos. Seus colegas de galho se riram: aquilo não passava de menineira. Todos sabiam: não havia voo que bastasse para vencer aquela distancia. Mas o passarinho sonhador não se compadecia. Ele queria luarar-se. Pelo que o tudo ficava nada.
Certa noite, de lua inteira, ele se lançou nos céus, cheio de sonho. E voou, voou, voou. Perdeu conta do tempo. Em certo momento ele não sabia se subia, se tombava. Seus sentidos se enrolaram uns nos outros. Desmaiou? Ou sonhou que sonhava? Certo é que seu corpo foi sacudido pelo embute de um outro corpo.
E pousou naquela terra da lua, imensa savana pétrea. A ave contemplou aquela extensão de luz e ficou esperando a noite para adormecer. Mas noite nenhuma chegou. Na lua não faz dia nem noite. É sempre luz. E o pássaro cansado de sua vigília quis voltar à terra. Bateu as asas mas não viu seu corpo se suspender. As asas se tinham convertido em luar. Com o bico desalisou as penas. Mas penas já nem eram: agora, simples reflexos, rebrilhos de um sol coado. O pássaro lançou seu grito, esses que deflagrava antes de se erguer nos céus. Mas sua voz ficou na intenção. A ave estava emudecida. Porque na lua o céu é quase pouco. E sem céu não existe canto.
Triste, ela chorou. Mas as lágrimas não escorreram. Ficaram pedrinhas na berma da pálpebra, cristais de prata. A avezita estava cativa da lua, aprisionada em seu próprio sonho. Foi então que ela escutou uma voz feita de ecos. Era a própria carne da lua falando:
- “Eu sonhei que tu vinhas cantar-me.
- “E porquê me sonhaste?
- “Porque aqui não há voz vivente.
- “Eu também sonhei que haveria de pousar em ti.
- “Eu sei. Agora vais cantar em luar. Eu sonhei assim e nenhum sonho é mais forte que o meu”.
É assim que ainda hoje se vê, lá na prata da lua, a pupila estrelinhada do passarinho sonhador. E nenhuma criatura, a não ser a noite, escuta o canto da avezinha enluarada. Sobre as primeiras folhas da madrugada, tombam gotas de cacimbo. São lagriminhas do pássaro que sonhou pousar na lua.

- “E depois, pai?”

(A Luavezinha, Mia Couto)

Resolvi dar-lhe uma conclusão diferente, e tal como era proposto na aula de Português do 10º anos, criei-a com a minha criatividade, vejam só:

Desta forma é visível aos olhos de toda a gente a grande mancha predominante em toda a brilhante lua, uma mancha uniforme. A pequena ave construíra um ninho de pedra para se aconchegar todas as noites. Apesar de querer voltar para a Terra jamais abandonou a Lua, cuidando dela tal como ela tencionava cuidar da avezinha. Nos dias em que a ave se torna preguiçosa, apaga a luz e dorme durante um dia inteiro, por isso se vê por vezes na Terra um período de Lua Nova.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A formiga


Sou uma pessoa escura no meio de gente colorida. Pensei para mim mesma esta mentalidade que me mantém angustiada, estas atitudes que não são correctas, que cérebros serão estes que esfriam o coração? Vejo tudo ao contrário da realidade, pensei e no fundo estava errada, o mundo é injusto por si só.
Vi uma formiga a andar em cima da mesa onde me apoiava, e poi impulso humano, e não conscientemente, bati com o meu dedo no seu pequeno corpo. Não percebi, reagi numa atitude de desculpas pois tinha feito algo que não queria fazer, só por puro impulso o fiz! Fixava-a e via-a a tentar recompor-se, tinha apenas uma das suas patas partidas. Senti-me culpada, era culpada, os seres humanos matam sem dó e fazem-no em posição de ataque e não de defesa. Finalmente, como esperava, apareceu uma formiga que, provavelmente, estaria a procurar comida tal como a outra, pois é essa a sua função, é esse o seu instinto. Não percebi, ou não quis perceber. Como forma de arrependimento, com a minha caneta tapei as saídas à formiga para a conduzir até à sua parceira da colónia, que se encontrava magoada, mas sem estar à espera, essa formiga passou pela outra e não fez rigorosamente nada! Não, passou a milímetros de distância, viu-a mas nem se aproximou. Instinto de sobrevivência? Talvez, estava a ser atacada por uma caneta de feltro, viu um "soldado" em estado lesionado e defensivo, e o que fez foi fugir. Não a julgo, comparo-a connosco.
Talvez até nem seja verdade, os amigos servem para ajudar, mas o mundo que vejo hoje em dia não passa de um pensamento inútil: "um por todos e todos por um? Não, cada um por si e salve-se quem puder". Antes era tudo tão mais fácil, tudo tão bem explicado. No infantário ensinaram-nos a partilhar, a sermos amigos uns dos outros e a pedir desculpa quando agimos mal, mas as pessoas insistem em roubar o que não é nosso, a partilharmos somente aquilo que não nos interessa, a apunhalar as pessoas nas costas, e o pedido de desculpas é um fingimento de que está tudo bem... quando não está. Azar o meu e o de muitos, julgados sem serem "lidos", alguns até enganados.
Hoje é a "geração do iceberg", a geração em que as pessoas não valorizam as coisas mais importantes, os pais que estão sempre lá, os verdadeiros amigos que te dão uma mão quando precisas, a geração em que as pessoas apenas mostram uma pequena parte do que são, a parte que parece melhor, mas que dentro de si existe algo que precisam de deitar cá para fora, e simplesmente não o fazem porque têm medo de serem julgados pelo que gostam de fazer, pelo que pensam, pela orientação sexual, pela relação com a família, por muitas coisas que a população não está habituada a ver.

Os velhos tempos foram-se, mas são velhos por um dia terem sido usados como os novos tempos deveriam ser.

sei que te arrependerás


A nossa relação mudou em todos os sentidos
Já não existe confiança, só sentimentos corrompidos
Num minuto de repente inverteram-se papéis
Apesar de muitos erros mantivemo-nos fieis
Mas espreito por uma fechadura que mostra o que não és
Uma pessoa diferente, nalguns aspectos indiferente
Porque és assim? Porque não queres saber
Do que penso, do que digo, do que tenciono fazer?
Começámos a falhar, desde o início que isto dura
Com controlo e desrespeito a relação não perdura
Quando estás comigo é tudo tão irreal
Eu beijo-te, tu abraças-me, é tudo tão especial
Não te posso esquecer, és o amor da minha vida
Se não te tivesse comigo ia sentir-me perdida
Mas mentiste... tal como eu tinha mentido
E ao ler aquela mensagem pensei se seria merecido
Porque não me disseste? Tinhas algo a esconder?
« Não, só não disse para não te fazer sofrer »
Pensaste assim, mas respondeste de repente
« Sara eu amo-te, tu mentiste mas eu perdoei-te sempre
Mentiste deste, daquele e do outro sem razão
E tu sabes bem que magoaste o meu coração
Não é assim tão grave, Sara não te traí
Amo-te, desculpa, não consigo abdicar de ti »
« Odeio-te tanto, nunca mais ligues para mim! »
Disse com lágrimas na cara imaginando o nosso fim
« Ok Sara, adeus » e desligaste a chamada
E mal entrei no Facebook já tinha sido eliminada
Ligaste duas, três vezes e eu voltei a desligar
E quando atendi disseste « Sara não quero acabar »
Estavas a brincar comigo, ou a gozar o momento
E depois perguntas-te sempre porque quero dar um tempo
Fazer-me de vítima? Sim. Dizer o que não sinto? Enfim.
Mas no fundo sei que não queria estar assim
Numa posição em que me podes mandar para trás
Tentei mostrar-me forte mas disso nunca fui capaz
Traí o meu namorado e agora parece que repito
« Namoro com uma gaja que anda a rodar o pito »
« Eu sei que errei, eu sei que a culpa é minha! »
« Só mais uma coisa, queres ser p* sê sozinha »
Coisas feias de se ouvir, magoa ouvir a verdade
« E ainda foi contigo que perdi a virgindade (...) »
Foi a pior coisa que me disseste, nunca mais me vou esquecer
Muito menos das minhas fotos que os teus amigos puderam ver
O que mais me magoa é sentir-me uma escrava
Tu falas mal do meu passado e eu não posso fazer nada
Mas sabes eu já te disse eu não sou hardcore
Não percebo porque ficas, tu mereces melhor
Eu "vendi" os meus princípios, tu o mesmo indirectamente
No final ele pergunta e a Sara mente sempre
No fundo estamos bem, fui parva e tu também
E tu sempre foste aquele com quem eu um dia sonhei
Eu olho-me ao espelho, serei assim tão má?
No fundo o que queria era ouvir-te dizer para mudar
Acho que isto tudo é uma simples patologia
Afectas-me cada vez mais com as tuas bocas do dia
Tudo o que se passou, nenhum de nós mereceu
E mesmo que não acredites ninguém te amou mais do que eu
Só queria que me amasses sem pensar no amanhã
Que te baseasses apenas no que sentiste em Campanhã
Que não tivesses vergonha, que estivesses feliz
Que acreditasses que és tudo aquilo que eu sempre quis
Não consigo deixar-te ir, estou presa a ti
Juro-te que daria tudo só para te ter aqui
Amo-te tanto, não sabes como me estou a sentir
Desculpa tudo o que fiz, gostava de me corrigir
Só queria que pensasses no nosso beijo de despedida
Achas que sou uma p* ou sou o amor da tua vida?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que sou


Hoje sou mulher. Hoje ultrapassei os meus limites como pessoa, hoje o meu espírito voou para lá da névoa, hoje o meu silêncio é puro ouro. Não deixo de falar, não me deixo abalar. Ontem aqueci, tanto que senti as têmporas mexer, tanto que me constipei pela tua ausência... porque hoje arrefeci. Ontem passei para lá da linha, nadei no mar que tanto me arrepia, aumentei as minhas escolhas, diminuí as minhas decisões. Hoje esvaziei-me, preciso de algo que me complete, algo que me atraia, não como um perfume mas como um novo sentido.
Hoje senti-me clara, transparente, nua. Tentei exercer uma força do lado de fora mas em vez de me sentir superior, senti-me... vaga. Sinto-me uma poeta, um profeta, uma amiga, sinto-me gente, mas sou ingénua, sou refúgio, sou passatempo. Quis voar e caí, quis seguir horizontes... mas não tenho caminhos.
Tenho uma coleira que me sufoca pela tua desconfiança e indecisão, e quase que me cortaste as pernas e me impedes de andar.

Hoje sou mulher, mas nem sempre me fizeste sentir como uma.

domingo, 30 de janeiro de 2011

pseudo-fobia

Nunca gostei muito de falar dos meus problemas, antes talvez, agora fecho a minha boca e coso-a, passando uma simples agulha e linha pelos meus lábios, bastante semelhante a um espantalho ou a uns atacadores. Faço-o bastantes vezes, e já não dói, pois a minha boca habituou-se a sentir o frio de uma agulha e a textura de uma linha a passar-me pelos buraquinhos que lá deixei. Tal como todas as feridas, esta também deixa marca, mas porquê fechar minha boca quando há tanto para dizer?
Houve um dia que disseste que adoravas o meu sorriso, e adoras os meus lábios por mais fininhos e pequenos que eles sejam.

Sempre adorei os meus olhos, a sua cor, o seu formato (...), mas por sua vez nunca gostei de os ter abertos, porque para onde olho só vejo imagens que não posso vivê-las, vejo defeitos mas amor (sincero?), vejo mapas... e choro. Por isso, passado uns dias tapei meus olhos com adesivo, para que nunca mais voltasse a ver. Claro que ao dormir, fossem que horas fossem, o adesivo parecia descolar-se, então ceguei-me. Doeu um pouco, foi precisa muita coragem sentir cimento mergulharem nos teus olhos. "No fundo", pensava para mim, "é como se estivesse a dormir todos os dias".
Houve um dia que disseste que gostavas dos meus olhos "cor de mel".

Passava dias a ouvir-te, e para além disso, ouvia também outras pessoas. Conselhos, palavras amorosas, um "gosto de ti", um "olá"... mas ouvia boatos, insultos, agressões verbais, quando físicas ouvia gritos, choro, etc. Não cortei as minhas orelhas, e pouco sabia o que fazer, por muito que custasse, limitava-me a tapar os ouvidos com as minhas mãos sempre que não me agradava as coisas que ouvia. Não resultava, só pelo simples facto de não conseguir falar para alguém me ajudar, e de não conseguir ver e necessitar das mãos para me guiar. Com o tempo fiquei surda. Não ouvia ninguém, não via ninguém, não falava com ninguém. Por incrível que pareça, eu era assim antes de me auto-mutilar.
Houve um dia que me disseste que me amavas, e soou tão bem no meu ouvido que me caíram lágrimas dos olhos e nos beijámos ao som de uma música romântica... quando ainda via, quando ainda falava, quando ainda ouvia.

Voltei ao meu mundo. Estava na aula de Inglês concentrada no meu pensamento. Consigo ver, não te vejo aqui e choro, consigo falar, não falo contigo e choro, consigo ouvir... mas já não te ouço a dizer que sou a mulher da tua vida e que me amas... e choro, e grito (...)
Se já não tens vontade de me beijar para quê descoser os meus lábios, se já não me queres ver para quê abrir os olhos, se já não me queres ligar para quê esperar por um "amo-te" ?

Coser a boca, cegar-me, deixar-me surda... já pensaste que se calhar me fazes sentir assim ?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Você me faz feliz demais


Me sinto só, já não quero mais adormecer
Porque até quando fecho os olhos não te consigo esquecer
Minha vida não vai embora só quero a sua cor
Quero entregar meu corpo, minha alma, meu amor
Fica comigo eu prometo ser somente seu
Fica comigo que eu te dou tudo o que é meu
Não pense nele, me agarre, eu estou aqui
Você é a mulher da minha vida que eu sempre pedi

Você me faz feliz demais
E o tempo parece parar quando a gente tá junto
Viver sem ti não quero mais
Um dia vai entender que você pra mim é tudo

antiga(mente) v.2


Deitados no campo
Numa noite com céu brilhante
O que mais me atraía
Era o teu sorriso cintilante

Olhei para ti
Retribuíste o olhar
E num ápice resolveste
Beijar-me à luz do luar

Mal podia acreditar
Sussurraste-me ao ouvido
"amo-te muito" disseste
Que não fazia qualquer sentido

Não te conhecia bem
Mas sentia-me atraída
E a frase que disseste
Jamais será esquecida

Sentia-me usada
Mas eu gostava de ti
E ter ficado contigo
Foi o pior erro que cometi

O meu sentimento cresceu
Mas o teu diminuiu
E quando acabaste comigo
O meu coração partiu

Ofereceste-me esperança
E foste-te embora
E depois deste tempo todo
O meu coração ainda chora

As lágrimas são o sangue
Que a "máquina" bombeia
E nunca me esquecerei
Da nossa noite de lua cheia

domingo, 23 de janeiro de 2011

amar-te


Sofrendo com este assunto, vou andando pelas ruas de cabeça baixa, sem te mandar uma única mensagem após uma discussão, pelo simples facto de ter um medo enorme de ouvir um "eu QUERO acabar". Eu ainda acredito que não queiras, eu acredito que isso tudo é a vontade de me teres ao teu lado, porque também passo por isso, porque sei o que é sentires falta da pessoa que mais amas neste mundo, e agora com papéis invertidos cubro-me da chuva debaixo de um ponto de interrogação. Não quero que te vás embora, não gosto de me despedir de ti, suplico-te para ficares mas não quero prender-te a mim, porque apesar de desrespeitos eu sei que um dia conversaremos sobre os nossos sentimentos e tomaremos uma decisão, só por uma tentativa de compreensão de desafios e sinais que mandamos todos os dias. A conclusão acredito piamente que seja um simples "não dá", e o pânico que vou engolindo acaba por me subir à garganta de novo, vomito palavras que não quero e magoo-te sem querer. Com isto, tu fazes o mesmo, o meu coração parte-se em pedaços, insultamo-nos e isto mantém-se numa rotina miserável porque nunca nos entendemos. E eu pergunto: para quê ? E porquê as merdas que fazes com esta ou aquela ? Que intenções tens ao magoar-me ? Eu adoro a tua família, adoro a tua cadela, adoro-te a ti, mas será que é recíproco ?
Depois mais uma vez deixo-te pisar-me de variadíssimas formas, e eu calo-me só para não piorar a situação, mas piora sempre. Não sei o que fazer, porque se eras tu que me fazias rir com as nossas brincadeiras, se eras tu que me davas inspiração a escrever textos amorosos e a maioria deles são sobre ti, se eras tu que me apoiavas dizendo "faz, eu estou aqui" como se fosses o meu melhor amigo que não tem estado presente para mim, então és tu que me fazes sentir, depois de estarmos chateados, uma pessoa vazia, sinto-me mal por dentro, magoada, sem vontade para dançar - uma das paixões da minha vida -, já nem tenho escrito textos, e tantos motivos há para me afastar de ti, só pela distância já se torna um motivo forte, e é um sentimento tão ruim e tão profundo que me dá um aperto na barriga, e que por mais que o tempo passe não te quero deixar nunca. Com medo de voltar a ter ataques de ansiedade, com medo de voltar a fazer cortes em mim, com medo de te perder, porque tu és o meu chão no meio destas paredes falsas, e eu sei que escrever mil textos nunca te faria "voltar" para mim por completo, eu sei que dizer-te cem vezes que já não somos como éramos, que já não é nada como antes, não te vai fazer mudar, só o tempo suponho, com o medo disso tudo não quero discutir, prefiro ficar calada no meu canto, porque tanta gente me diz que a nossa relação não vai durar muito mais, que é uma relação à distância que só por isso nunca irá resultar, mas ninguém me pode ajudar, amar é fácil, difícil é matar esse amor.
Mudaste, talvez eu também tenha mudado, mas eu vejo-te cada vez pior, frio, insensível, gozas, cagas-te para mim, desrespeitas-me, mas COMO É POSSÍVEL NÃO ABDICAR DA PESSOA QUE ME MAGOA QUANDO ESTAMOS SEPARADOS? Porque quando estamos juntos é a coisa mais mágica e linda do mundo, porque do amor da nossa vida nunca se consegue abdicar. Foste tu que me incentivaste a dançar e a divertir-me, foste tu que me incentivaste a dar-me bem com pessoas que nunca quiseram saber de mim para nada, foste tu que me fizeste mudar em relação à minha família, foste tu que me fizeste escrever um texto de 5 páginas, um romance meio baseado em nós, com a moral da história que me faz sempre querer ter-te por perto: « o amor da nossa vida só aparece uma vez ». E porque não abdicar de ti depois de tantas ameaças e de saber que talvez até te canso o juízo, que te deixo sem vontade de falares comigo ? Porque sei que estou a ficar maluca, maluca por ti Miguel! Tu ensinaste-me a gostar dos outros e mostraste-me como gostas de mim, mas e eu? Olhas para mim cheia de complexos por achar que não sou perfeita para ti, olhas para mim cheia de pequenas imperfeições, muitos erros, mas qual de nós já não errou ? Não será um bocado tarde e desnecessário estar a falar de algo que ambos sabemos que tem de ser esquecido? Porque não pensar no nosso presente? Passa sempre mais um dia e tu mudas, tu à noite és a pessoa que mais amo neste mundo, no dia a seguir és um pouco menos, mas quando me foco em mim, quando penso em todos os nossos momentos, em todas as vezes que já vieste atrás de mim cada vez que te virava costas, todos os beijos que demos, todos os momentos de mão dada, todas as viagens pelo grande Porto, toda a minha vontade de estar contigo e ter-te só para mim, elouquece-me! Nunca na minha vida imaginaria estar destinada a encontrar-te e nunca na vida pensei em mudar por ti, e nunca na vida pensei como fui má e no bem que me estou a tornar, porque só penso em ti e porque nunca deixei de pensar. És tu que estás lá antes de eu adormecer, és tu que estás lá a dar-me um beijo na testa e a aconchegar-me, és tu que estás lá e me dás o teu ombro para eu me encostar a ti, és tu que me fazes rir, e durante estes dias só tenho chorado, chorado, chorado. Não quero que desistas de nós, porque eu sei que apesar de doer muito quando entro naquele comboio e as portas se fecham, eu penso sempre no dia em que te voltarei a ver, eu penso sempre que logo estarei a beijar esses teus lábios, porque fodasse eu amo-te demasiado para te deixar ir, eu choro demasiado por saber que é possível isso acontecer... e no final nenhum de nós tem culpa. Nenhum de nós pode fazer nada, o destino foi cruel connosco, deu-nos amor louco e ardente e deu-nos a tarefa de lidar com ele. Não te quero perder nunca, quero que me respeites, quero que acredites que sou tua mesmo que estejas lá no fundo da sala, quero que me ames, mas acima de tudo quero que sejas feliz e não quero sofrer nem fazer-te sofrer.
Os papéis inverteram-se, sou eu que vou atrás de ti, sou eu que rogo a Deus para nunca me fugires da mão, e sou eu que me esfolo nos espinhos da minha vida quando falas neles, mas eu amo-te, estou completamente apaixonada por ti, e só queria que me abraçasses e me dissesses "eu amo-te muito", mesmo que não se esteja a dizer nada, porque depois de o dizeres eu iria beijar-te e só nesse momento é que iria sentir que é contigo que imagino os filhos mais lindos do mundo. És tu que estás lá quando me imagino no altar de vestido branco, és tu que estás comigo em Cuba, agarrado a mim enquanto olhamos para o pôr-do-sol no alpendre enquanto mexo na nossa aliança, és tu que estás lá quando me imagino daqui a 20, 30 anos, e és tu que estás lá quando nos imagino muito velhinhos e doentes, abraçados na cama e dizer boa noite um ao outro, morrermos e acabarmos no céu de mão dada e apaixonados um pelo outro. Esta é a carta que eu nunca te escrevi, mas nunca será a última. Apesar de tudo, espero que tenhas noção do quão louca sou por ti, e de como para mim a vida não tem mais sentido se não te tiver comigo. Tenho os maiores defeitos do mundo, e talvez um deles seja mesmo amar-te loucamente... só espero que nunca te esqueças disso. Eu sei que ainda me amas muito, e acredito que um dia sejas capaz de estar com os teus amigos, apontar para mim e dizer "aquela é a mulher da minha vida".

And I hate that i love you so... (dolce vita, 09-10-2010)

Sara.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não quero despedir-me de ti

Preciso de me desligar, talvez fosse mais fácil para mim não o fazer. Tenho medo do escuro e não estás aqui para me proteger. E quando o sol se põe e vejo as nossas memórias, falo comigo mesma e começo a contar histórias. Era uma vez um casal que se apaixonou, inesperadamente, dificilmente, mas nada mudou. Ela escrevia cada palavra que lhe tocava no coração, e depois de ler o seu texto mexia seus pés no chão. É verdade, aquela coisa a que chamamos de distância é cruel mas é real. Natural se tornou, por todas as recordações, por todos os momentos, por tudo o que já nos passou dizer ou não da boca para fora, e mesmo assim, traça um caminho que só duas pessoas conseguem atravessar, nada de Adão e Eva, isso é só mais uma história contada à beira da mesa de cabeceira para adormecer os que têm medo do escuro. Como eu. Só um caminho contém a felicidade, o amor, a família, e só eu e tu é que o construímos. Mas será que existe mais para além disso? Eu sinto que sim, que as pessoas podem olhar para mim de outra forma, porque eu mudei.
Às vezes sinto que nunca vai dar entre nós, o gastar do dinheiro sabendo que um dia se vai acabar, o tempo que partilhámos, pouco mas importante, e eu nunca sei onde isto vai dar. Fico um pouco triste, tu não estás aqui, não estás presente, pareces estar presente com apenas uma chamada telefónica, mas não te sinto, limito-me a fechar os olhos e a pensar que estás deitado na minha sala e que logo me envolverás em teus braços, aquecer-me-ás as maçãs do rosto com as tuas mãos e tocar-me-ás com os teus lábios no meu pescoço, mas faz parte de nós as nossas brincadeiras, então imagino também essa tua tendência a deixar os olhos abertos quando me beijas, e eu a espreitar para ver se os tens fechados ou não. Rimos... sabe mesmo bem. E todas aquelas nossas carícias que me fazem ficar cada vez mais apaixonada por ti, e todos aqueles nossos olhares, tudo muito romântico e tudo tão bom. Infelizmente isso dura pouco. 10 horas? 3 dias? Uma semana ...?
Juro-te, odeio pensar na nossa relação, odeio mesmo, prefiro apenas pensar em ti, pensar nos dias que tivemos juntos, pensar em nós como um todo mas das partes boas, pensar no nosso futuro, os planos que temos para nós, pensar em muita coisa. Tu não te apercebes quão miserável é a nossa relação? Temos tanta coisa contra nós: a confiança é uma espada que nos perfura contra uma parede, é um muro tão complicado de passar, é uma sombra; a verdade e a mentira, o erro e os enganos, lutam entre si para ver quem se vai erguer numa certa situação; o nosso passado, uma coisa que ninguém quereria recordar, um período que é completamente desnecessário, para ambos, e que é só uma grande mancha de carvão na nossa relação, em que o pó quase nos queima os olhos, porque na verdade, as mentiras, as traições, enganos, estiveram presentes no passado e influenciaram os dias de hoje, e essa poeira escura só nos alimenta a desconfiança, só piora a nossa situação; e a pior de todas, a distância. Não te toco, não te vejo, não te beijo, não te dou a mão, não nada... e dói.
O nosso amor, os nossos momentos, cada segundo passado contigo, são os motivos que não me deixam desistir de ti, são os motivos que não me deixam desistir, são os motivos que são capazes de me fazer morder a almofada e, com ela, abafar os meus gritos de desespero. Os meus ataques... às vezes penso que é por não te ter aqui sabes?
Sabes tudo sobre mim, começo a contar-te as coisas, mando as minhas bocas, insulto-te, grito contigo, discutimos! Mas agora sei que posso fazer tudo por ti, não podes dizer que não estou dedicada à nossa relação, não podes negar que mudei, não podes mentir dizendo que não te amo, porque eu amo-te sim... e apesar de saber que é tão difícil provar-te que TU, e só TU, és o amor da minha vida, e que tenho um medo enorme de te perder. A tolerância tem estado do meu lado, o que resta de mim para ti são os ciúmes, por vezes exagerados, mas é só porque receio que me deixes, não só pela confiança mas pelos meus complexos, pela minha falta de auto-estima, pelas minhas manias e pelos meus esquecimentos. Um dia disseste-me que era linda, disseste-me que me amavas e que tinha muitas qualidades que tu não tinhas e vice-versa, e eu sempre acreditei que nos completamos um ao outro, por isso senti-me bem. Nesse momento só pensava no que fiz, no tempo que desperdiçámos, e só me vinha à cabeça o mesmo pensamento: "Magoei o amor da minha vida e agora estou dependente dele".
Tenho de admitir, tenho medo que fiques como o teu pai, tenho medo que um dia estejas muito nervoso e descarregues em mim, mas eu vejo qualidades em ti que me fazem pensar que nunca serias capaz de o fazer. A minha intenção quando discutimos é a de te "agredir" com as palavras, tal como tu a mim, e por isso é que nos desafiamos um ao outro e há sempre um que ganha e um que perde nesta disputa. Durante muito tempo desconfiei de ti, agora não desconfio, tenho medo que existam mais mensagens como a que encontrei da "Mariana Vasconcelos".
Tu sabes que eu te amo, tu sabes que nunca te trocaria, mas não admito que me desrespeites, por isso fico com vontade de acabar contigo, e um dia penso que me vou fartar de estar a dar tudo por esta relação e tu não mudares nesse aspecto... .
Começo a pouco e pouco a perceber como nos sentirmos mais próximos e como evitarmos a distância, pois tanto tu como eu sabemos que discutir só nos afastará mais do que já estamos. Também sabes como fico sensível quando se volta muito atrás no tempo, isso para mim precisa ser esquecido, porque sei que tu só perdoas quando esqueces, e acho que recordar só atrapalha.
Amo-te Miguel, nunca seria capaz de te trocar, tu és o homem da minha vida, por isso tantos ciúmes e modos e complexos! Já não escrevo, não tenho vontade, nem pinto ou danço, parece que me foi a inspiração, e fico triste por estar a ver as coisas desvanecerem, a minha vontade de fazer algo esconde-se, e em vez de viver... sobrevivo.
Não faria nada que me fizesse perder-te, "amo-te LOUCAMENTE apaixonadamente", nem mil despedidas no comboio me fariam desistir de ti.