domingo, 1 de maio de 2011

Os livros

Eu leio muito, faço-o porque gosto. Gosto de me limitar às letras e entender o que pretendem mostrar, integrar-me em cada palavra, colocar-me no assunto e, até por vezes descrever imagens, simbólicas ou não, à minha maneira. Gosto de me sentar na cadeira à sombra de um dia primaveril, e ler. Relaxa-me por me situar num ambiente por vezes silencioso, por vezes natural.
É engraçado o que sinto quando leio, outrora torna-se bastante misterioso. O acto de ler um livro já indica repouso mas parece que até ele mesmo mexe com o leitor. Às vezes, de manhã, sinto-me só, dirijo-me ao alpendre e leio de acordo com o meu estado de espírito. Posso dizer determinadamente que o livro é uma boa companhia para mim, pois consegue fazer-me rir, consegue pôr-me a chorar, consegue deixar-me aborrecida ou curiosa, admirada ou desiludida, e consegue até ser muito bom conselheiro e levar-me a sítios onde nunca fui. Aprendo com ele, atento ao que me diz, vivo de outra forma.
Admito que não sou perfeita, consigo ser cruel ao ponto de julgar os livros simplesmente pela capa, mas acredito também que eles façam o mesmo quando lhes digo inocentemente "eu não te posso ler!". Teoricamente, quando lhes digo isso, eles não são capazes de entender as minhas razões, aliás, como poderia ler eu, pessoa crítica e idosa que sou, uma Banda Desenhada se no entanto eles preferem crianças e pequenos adolescentes, que não se interessam minimamente pela minha preferência de leitura?
Deverei eu entregar-me de corpo e alma a um livro sabendo que ele próprio não me quer ler também?

Se calhar deva...
...se calhar não.

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