quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que sou


Hoje sou mulher. Hoje ultrapassei os meus limites como pessoa, hoje o meu espírito voou para lá da névoa, hoje o meu silêncio é puro ouro. Não deixo de falar, não me deixo abalar. Ontem aqueci, tanto que senti as têmporas mexer, tanto que me constipei pela tua ausência... porque hoje arrefeci. Ontem passei para lá da linha, nadei no mar que tanto me arrepia, aumentei as minhas escolhas, diminuí as minhas decisões. Hoje esvaziei-me, preciso de algo que me complete, algo que me atraia, não como um perfume mas como um novo sentido.
Hoje senti-me clara, transparente, nua. Tentei exercer uma força do lado de fora mas em vez de me sentir superior, senti-me... vaga. Sinto-me uma poeta, um profeta, uma amiga, sinto-me gente, mas sou ingénua, sou refúgio, sou passatempo. Quis voar e caí, quis seguir horizontes... mas não tenho caminhos.
Tenho uma coleira que me sufoca pela tua desconfiança e indecisão, e quase que me cortaste as pernas e me impedes de andar.

Hoje sou mulher, mas nem sempre me fizeste sentir como uma.