terça-feira, 13 de outubro de 2009

Querido Diário


É um pedaço de papel, uma folha de um diário. Começas a escrever o que te vai na alma diariamente até que, quando dás por ti as folhas já não guardam mais espaço para palavras ou sentimentos. E já tu, curiosa para ler o que viveste no passado, pões-te a folhear até ao sexto dia do mês de Março e começas a ler :

" seis de Março de dois mil e sete

Querido Diário
Aqui mostro-te um pequeno comentário sobre o dia de hoje. Esta data vai ficar certamente marcada na história da minha vida !
Em que circunstâncias devemos admitir que amamos uma pessoa? Aliás, de certa forma sempre me interroguei para que serve amar alguém, mas nunca cheguei a uma conclusão! Eu sei que é deveras complicado responderes-me a esta pergunta mas, o que é o amor?
Será um passarinho que nos encanta com o seu cantar e nos faz sentir livres?
Será um avião que vagueia pela nossa cabeça e nos baralha as ideias de forma a imaginar que podemos voar ?
Será que é um bichinho microscópico que entra no nosso corpo e nos dá apertos na barriga e, por vezes, nos deixa com a pele húmida?
Será o amor uma coisa que se possa comprovar científicamente ou é uma coisa da vida?
Isto tudo é uma teia de perguntas relacionadas umas com as outras, e nós, pessoas curiosas, Homens, filósofos, somos as moscas que se colam a elas com o objectivo de saber as respostas. Agora te pergunto, quem será a aranha?
A aranha é a vida, que nos capta a atenção de tal maneira que ficamos fascinados com a maneira dela ser? Ou é o caminho para a morte que, por nos hipnotizar com as suas teorias e maneiras de ser e nos faz ter a certeza de que o que dizemos está certo, nos mata?
Não sei como te explicar porque razão estou a fazer estas perguntas, até porque tu és apenas um pequeno caderno a que chamam de diário, mas estas perguntas inquietam-me! E, por mais que me aches fatigante por fazer estas questões, muitas delas sem resposta concreta, eu ainda te pergunto: se o amor é uma coisa da vida, o que é a vida (...)?
É um pedaço de papel, uma folha de um diário! Quando dás por ti tens uma vida escrita em palavras e pormenores que, depois de leres tudo, interrogas-te porque razão o que fizeste no passado foi feito assim e não de outra maneira! E quando finalmente me perguntas o que é o passado eu respondo-te:

é um período de tempo da tua dita aranha
não o podes corrigir, mas aprendes a viver com ele (...).

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

If I stop would you come ? [Amo-te]


Vivi em tempos ligada a ti, em que nos deitávamos na areia e olhavamos para milhares de estrelas numa noite de quarto minguante, que iluminava as nossas faces e nos fazia imaginar de que cor seria o céu se pudéssemos dar uma "vista de olhos" por lá. Em que passeávamos no parque e me ensinavas a andar de patins, e que quando estivesse quase a cair, devido ao meu esforço magnifico de me tentar equilibrar nas rodas, sentia-me segura ao saber que jamais deixarias que isso acontecesse. Em que íamos ao centro comercial discutir sobre o sabor do gelado que iríamos comer mas que, depois lá concordamos com um gelado de tiramisú que é repartido pelos dois, ou quando bebíamos um batido de baunilha (o nosso preferido) e pedíamos duas palhinhas para termos motivo para nos aproximar e olhar olhos nos olhos e, ficarmos de tal maneira hipnotizados, que o mundo à nossa volta era apenas um fundo com ausência de cor e nós a única coisa colorida. Em que jogava à apanhada contigo lá no jardim, perto de uma escola primária, e os miúdos agarrados com as suas pequenas mãos ao grande gradeamento a ver-nos comportar como eles, em que corrias atrás de mim e me agarravas na mão para não me deixares fugir, caíamos os dois ao chão e rebolávamos na relva como se fossemos livres ! Em que adormecia no teu colo a meio da sessão de cinema com as nossas pipocas com sal, de um filme de acção ou de suspense, em que me davas festinhas no cabelo e que até já o João Pestana chamava por mim. Em que me beijavas à sombra, debaixo do pinheiro bravo, e em casa quando partilhávamos a mesma cama. Em que sentia o teu espirrar matinal devido àquele dia chuvoso em que jogámos à bola, e que acabei por ganhar 3-1, por achares que merecia e não por não teres capacidade, porque quiseste armar-te em cavalheiro e sofrer uma humilhação, porque isso era indiferente para ti, pois só querias ver-me a sorrir (...). Em que adormecia a pensar em ti, sonhava contigo mas acordava sozinha e que, segundos depois, olhava para a mesinha de cabeceira e tinha sempre um pequeno-almoço servido e um bilhetinho em que te despedias e pedias desculpa por teres de ir trabalhar cedo com urgência, e com uma rosa vermelha ao lado do candeeiro. Em que pegava nessa mesma rosa para sentir o seu aroma e surgia-me a tua cara no pensamento. Ainda vives comigo, apenas na minha mente de facto, mas lá ainda me beijas suavemente e sussurras a palavra "amo-te" ao meu ouvido. Adivinha : eu também te amo !