
Vivi em tempos ligada a ti, em que nos deitávamos na areia e olhavamos para milhares de estrelas numa noite de quarto minguante, que iluminava as nossas faces e nos fazia imaginar de que cor seria o céu se pudéssemos dar uma "vista de olhos" por lá. Em que passeávamos no parque e me ensinavas a andar de patins, e que quando estivesse quase a cair, devido ao meu esforço magnifico de me tentar equilibrar nas rodas, sentia-me segura ao saber que jamais deixarias que isso acontecesse. Em que íamos ao centro comercial discutir sobre o sabor do gelado que iríamos comer mas que, depois lá concordamos com um gelado de tiramisú que é repartido pelos dois, ou quando bebíamos um batido de baunilha (o nosso preferido) e pedíamos duas palhinhas para termos motivo para nos aproximar e olhar olhos nos olhos e, ficarmos de tal maneira hipnotizados, que o mundo à nossa volta era apenas um fundo com ausência de cor e nós a única coisa colorida. Em que jogava à apanhada contigo lá no jardim, perto de uma escola primária, e os miúdos agarrados com as suas pequenas mãos ao grande gradeamento a ver-nos comportar como eles, em que corrias atrás de mim e me agarravas na mão para não me deixares fugir, caíamos os dois ao chão e rebolávamos na relva como se fossemos livres ! Em que adormecia no teu colo a meio da sessão de cinema com as nossas pipocas com sal, de um filme de acção ou de suspense, em que me davas festinhas no cabelo e que até já o João Pestana chamava por mim. Em que me beijavas à sombra, debaixo do pinheiro bravo, e em casa quando partilhávamos a mesma cama. Em que sentia o teu espirrar matinal devido àquele dia chuvoso em que jogámos à bola, e que acabei por ganhar 3-1, por achares que merecia e não por não teres capacidade, porque quiseste armar-te em cavalheiro e sofrer uma humilhação, porque isso era indiferente para ti, pois só querias ver-me a sorrir (...). Em que adormecia a pensar em ti, sonhava contigo mas acordava sozinha e que, segundos depois, olhava para a mesinha de cabeceira e tinha sempre um pequeno-almoço servido e um bilhetinho em que te despedias e pedias desculpa por teres de ir trabalhar cedo com urgência, e com uma rosa vermelha ao lado do candeeiro. Em que pegava nessa mesma rosa para sentir o seu aroma e surgia-me a tua cara no pensamento. Ainda vives comigo, apenas na minha mente de facto, mas lá ainda me beijas suavemente e sussurras a palavra "amo-te" ao meu ouvido. Adivinha : eu também te amo !
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