terça-feira, 15 de março de 2011

voltar ou ficar?


Quero estar contigo mas não sei quem és, será a tua intenção ajoelhar-me a teus pés?
Eu sei que é cedo, só passou uma semana, queria acreditar quando me dizes que me amas
Comprei um colar com a tua inicial, mas valerá alguma coisa no resultado final?
Eu não sei se mudaste, acredito que sim porque és outra pessoa quando estás ao pé de mim
Será amor verdadeiro? Será que é paixão? Ou será que o que temos é apenas ilusão?
O sentimento vai crescendo e eu não sei o que fazer, não me quero afastar, não te quero esquecer
Não consigo negar de ti sinto saudade, só queria que me amasses e saber que é verdade
Apesar de não saber o que o destino escolheu, não te quero perder mesmo sabendo que não és meu

Os ciúmes que tinhas, as palavras e os beijos, será o teu amor mais fraco do que o teu próprio desejo?
Serei má pessoa ao ponto de merecer que me faças chorar, que me faças sofrer?
Escondes a relação mas não entendo porquê, nota-se bem que te amo e só não nota quem não vê
Estou contigo estou bem mas depois fico triste, porque acredito num amor que nunca retribuíste
Mas eu sei que se te amo é por alguma razão, é por ter acreditado que nem tudo foi em vão
Estou cega ao ponto de acreditar que não és má pessoa, que só me queres amar
Mas também posso olhar e não olhar com atenção, posso estar a ver o que não existe no teu coração
Não quero que te sintas mal, mas és tudo o que eu quis, e tudo o que eu quero é apenas ser feliz

Eu luto para voltares para mim
Tenho pena que isto tenha acabado assim
Dentro de tão pouco tempo tornei-me logo tua
Podes não acreditar mas é a verdade nua e crua
Os erros que cometi já não posso voltar atrás
Quero dizer-te que te amo mas não sou capaz
Ama-me um segundo, deixa-me sentir amada
Digo que gosto de ti mas isso não é quase nada

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Luavezinha (modificado)


Minha filha tem um adormecer custoso. Ninguém sabe os medos que o sono acorda nela. Cada noite sou chamado a pai e invento-lhe um embalo. Desse encargo me saio sempre mal. Já vou pontuando fim na história quando ela me pede mais:
- “E depois?”
O que Rita quer é que o mundo inteiro seja adormecido. E ela sempre argumenta um sonho de encontro ao sono: quer ser lua. A menina quer luarejar e, os dois, faz contarmo-nos assim, eu terra, ela lua. As tradições moçambicanas ainda lhe aumentam o namoro lunar. A menina ouve, em plena verdade da rua: "olha os cornos da lua estão para baixo: vai cair a chuva que a lua guarda na barriga".
Me deu, um destes dias, a ideia de lhe contar uma estorinha para fazer pousar o sonho dela. E desencorajar seus infindáveis “e depois”. Lhe inventei a estória que agora vos conto.
Era uma avezita que sonhava em seu poleirinho. Olhava o luar e fazia subir fantasias pelo céu. Seu sonho se imensidava:
- “Hei-de pousar lá, na lua”.
Os outros lhe chamavam à térrea realidade. Mas o passarinho devaneava, insistonto: vou subir lá, mais acima que os firmamentos. Seus colegas de galho se riram: aquilo não passava de menineira. Todos sabiam: não havia voo que bastasse para vencer aquela distancia. Mas o passarinho sonhador não se compadecia. Ele queria luarar-se. Pelo que o tudo ficava nada.
Certa noite, de lua inteira, ele se lançou nos céus, cheio de sonho. E voou, voou, voou. Perdeu conta do tempo. Em certo momento ele não sabia se subia, se tombava. Seus sentidos se enrolaram uns nos outros. Desmaiou? Ou sonhou que sonhava? Certo é que seu corpo foi sacudido pelo embute de um outro corpo.
E pousou naquela terra da lua, imensa savana pétrea. A ave contemplou aquela extensão de luz e ficou esperando a noite para adormecer. Mas noite nenhuma chegou. Na lua não faz dia nem noite. É sempre luz. E o pássaro cansado de sua vigília quis voltar à terra. Bateu as asas mas não viu seu corpo se suspender. As asas se tinham convertido em luar. Com o bico desalisou as penas. Mas penas já nem eram: agora, simples reflexos, rebrilhos de um sol coado. O pássaro lançou seu grito, esses que deflagrava antes de se erguer nos céus. Mas sua voz ficou na intenção. A ave estava emudecida. Porque na lua o céu é quase pouco. E sem céu não existe canto.
Triste, ela chorou. Mas as lágrimas não escorreram. Ficaram pedrinhas na berma da pálpebra, cristais de prata. A avezita estava cativa da lua, aprisionada em seu próprio sonho. Foi então que ela escutou uma voz feita de ecos. Era a própria carne da lua falando:
- “Eu sonhei que tu vinhas cantar-me.
- “E porquê me sonhaste?
- “Porque aqui não há voz vivente.
- “Eu também sonhei que haveria de pousar em ti.
- “Eu sei. Agora vais cantar em luar. Eu sonhei assim e nenhum sonho é mais forte que o meu”.
É assim que ainda hoje se vê, lá na prata da lua, a pupila estrelinhada do passarinho sonhador. E nenhuma criatura, a não ser a noite, escuta o canto da avezinha enluarada. Sobre as primeiras folhas da madrugada, tombam gotas de cacimbo. São lagriminhas do pássaro que sonhou pousar na lua.

- “E depois, pai?”

(A Luavezinha, Mia Couto)

Resolvi dar-lhe uma conclusão diferente, e tal como era proposto na aula de Português do 10º anos, criei-a com a minha criatividade, vejam só:

Desta forma é visível aos olhos de toda a gente a grande mancha predominante em toda a brilhante lua, uma mancha uniforme. A pequena ave construíra um ninho de pedra para se aconchegar todas as noites. Apesar de querer voltar para a Terra jamais abandonou a Lua, cuidando dela tal como ela tencionava cuidar da avezinha. Nos dias em que a ave se torna preguiçosa, apaga a luz e dorme durante um dia inteiro, por isso se vê por vezes na Terra um período de Lua Nova.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A formiga


Sou uma pessoa escura no meio de gente colorida. Pensei para mim mesma esta mentalidade que me mantém angustiada, estas atitudes que não são correctas, que cérebros serão estes que esfriam o coração? Vejo tudo ao contrário da realidade, pensei e no fundo estava errada, o mundo é injusto por si só.
Vi uma formiga a andar em cima da mesa onde me apoiava, e poi impulso humano, e não conscientemente, bati com o meu dedo no seu pequeno corpo. Não percebi, reagi numa atitude de desculpas pois tinha feito algo que não queria fazer, só por puro impulso o fiz! Fixava-a e via-a a tentar recompor-se, tinha apenas uma das suas patas partidas. Senti-me culpada, era culpada, os seres humanos matam sem dó e fazem-no em posição de ataque e não de defesa. Finalmente, como esperava, apareceu uma formiga que, provavelmente, estaria a procurar comida tal como a outra, pois é essa a sua função, é esse o seu instinto. Não percebi, ou não quis perceber. Como forma de arrependimento, com a minha caneta tapei as saídas à formiga para a conduzir até à sua parceira da colónia, que se encontrava magoada, mas sem estar à espera, essa formiga passou pela outra e não fez rigorosamente nada! Não, passou a milímetros de distância, viu-a mas nem se aproximou. Instinto de sobrevivência? Talvez, estava a ser atacada por uma caneta de feltro, viu um "soldado" em estado lesionado e defensivo, e o que fez foi fugir. Não a julgo, comparo-a connosco.
Talvez até nem seja verdade, os amigos servem para ajudar, mas o mundo que vejo hoje em dia não passa de um pensamento inútil: "um por todos e todos por um? Não, cada um por si e salve-se quem puder". Antes era tudo tão mais fácil, tudo tão bem explicado. No infantário ensinaram-nos a partilhar, a sermos amigos uns dos outros e a pedir desculpa quando agimos mal, mas as pessoas insistem em roubar o que não é nosso, a partilharmos somente aquilo que não nos interessa, a apunhalar as pessoas nas costas, e o pedido de desculpas é um fingimento de que está tudo bem... quando não está. Azar o meu e o de muitos, julgados sem serem "lidos", alguns até enganados.
Hoje é a "geração do iceberg", a geração em que as pessoas não valorizam as coisas mais importantes, os pais que estão sempre lá, os verdadeiros amigos que te dão uma mão quando precisas, a geração em que as pessoas apenas mostram uma pequena parte do que são, a parte que parece melhor, mas que dentro de si existe algo que precisam de deitar cá para fora, e simplesmente não o fazem porque têm medo de serem julgados pelo que gostam de fazer, pelo que pensam, pela orientação sexual, pela relação com a família, por muitas coisas que a população não está habituada a ver.

Os velhos tempos foram-se, mas são velhos por um dia terem sido usados como os novos tempos deveriam ser.

sei que te arrependerás


A nossa relação mudou em todos os sentidos
Já não existe confiança, só sentimentos corrompidos
Num minuto de repente inverteram-se papéis
Apesar de muitos erros mantivemo-nos fieis
Mas espreito por uma fechadura que mostra o que não és
Uma pessoa diferente, nalguns aspectos indiferente
Porque és assim? Porque não queres saber
Do que penso, do que digo, do que tenciono fazer?
Começámos a falhar, desde o início que isto dura
Com controlo e desrespeito a relação não perdura
Quando estás comigo é tudo tão irreal
Eu beijo-te, tu abraças-me, é tudo tão especial
Não te posso esquecer, és o amor da minha vida
Se não te tivesse comigo ia sentir-me perdida
Mas mentiste... tal como eu tinha mentido
E ao ler aquela mensagem pensei se seria merecido
Porque não me disseste? Tinhas algo a esconder?
« Não, só não disse para não te fazer sofrer »
Pensaste assim, mas respondeste de repente
« Sara eu amo-te, tu mentiste mas eu perdoei-te sempre
Mentiste deste, daquele e do outro sem razão
E tu sabes bem que magoaste o meu coração
Não é assim tão grave, Sara não te traí
Amo-te, desculpa, não consigo abdicar de ti »
« Odeio-te tanto, nunca mais ligues para mim! »
Disse com lágrimas na cara imaginando o nosso fim
« Ok Sara, adeus » e desligaste a chamada
E mal entrei no Facebook já tinha sido eliminada
Ligaste duas, três vezes e eu voltei a desligar
E quando atendi disseste « Sara não quero acabar »
Estavas a brincar comigo, ou a gozar o momento
E depois perguntas-te sempre porque quero dar um tempo
Fazer-me de vítima? Sim. Dizer o que não sinto? Enfim.
Mas no fundo sei que não queria estar assim
Numa posição em que me podes mandar para trás
Tentei mostrar-me forte mas disso nunca fui capaz
Traí o meu namorado e agora parece que repito
« Namoro com uma gaja que anda a rodar o pito »
« Eu sei que errei, eu sei que a culpa é minha! »
« Só mais uma coisa, queres ser p* sê sozinha »
Coisas feias de se ouvir, magoa ouvir a verdade
« E ainda foi contigo que perdi a virgindade (...) »
Foi a pior coisa que me disseste, nunca mais me vou esquecer
Muito menos das minhas fotos que os teus amigos puderam ver
O que mais me magoa é sentir-me uma escrava
Tu falas mal do meu passado e eu não posso fazer nada
Mas sabes eu já te disse eu não sou hardcore
Não percebo porque ficas, tu mereces melhor
Eu "vendi" os meus princípios, tu o mesmo indirectamente
No final ele pergunta e a Sara mente sempre
No fundo estamos bem, fui parva e tu também
E tu sempre foste aquele com quem eu um dia sonhei
Eu olho-me ao espelho, serei assim tão má?
No fundo o que queria era ouvir-te dizer para mudar
Acho que isto tudo é uma simples patologia
Afectas-me cada vez mais com as tuas bocas do dia
Tudo o que se passou, nenhum de nós mereceu
E mesmo que não acredites ninguém te amou mais do que eu
Só queria que me amasses sem pensar no amanhã
Que te baseasses apenas no que sentiste em Campanhã
Que não tivesses vergonha, que estivesses feliz
Que acreditasses que és tudo aquilo que eu sempre quis
Não consigo deixar-te ir, estou presa a ti
Juro-te que daria tudo só para te ter aqui
Amo-te tanto, não sabes como me estou a sentir
Desculpa tudo o que fiz, gostava de me corrigir
Só queria que pensasses no nosso beijo de despedida
Achas que sou uma p* ou sou o amor da tua vida?