domingo, 27 de dezembro de 2009

O nós existe

A tua cara a flutuar no meu pensamento ...

Podia escrever de mil a mil coisas mas hoje, escrevo sobre nós. O nós que durante dias e meses ansiava, o nós que queria que chegasse, o nós que ficasse para sempre, o nós com significado.
Foste tu que me ensinaste a forma de ser do corpo humano, a essência do cheiro da pessoa e a personalidade mais bela que o cérebro quase não consegue captar por total. O conhecimento do verdadeiro "eu" que insiste em riscar por completo os dois últimos pronomes pessoais. Usaria os dois primeiros quando estivesse contigo, sozinhos, a olhar olhos nos olhos um do outro e a fixar cada pestanejo, cada movimento da boca, cada gesto teu. Seria assim :
- Eu amo-te Sara, tu amas-me ?
- Como posso não amar a pessoa que me faz mais feliz neste mundo ? Aquele que me faz sentir a diferença da lágrima de tristeza e da lágrima de felicidade, aquele que me faz sentir o seu sabor e que passa a mão na minha cara para as enchugar. Como posso viver sem ti se és tu que me fazes viver ? Aquele que me faz sentir viva, que me faz respirar, aquele por que vivo ! Como posso deixar-te ir se não te quero largar ? Largar a tua mão, deixar de mexer no teu cabelo, deixar de sentir esses teus lábios junto aos meus, deixar de sentir o teu cheiro ou a tua presença. Sim, eu amo-te.
E aí caía uma lágrima à qual aposto que ma enchugavas e me fazias sorrir em vez de chorar. Como tal, acabaria com um beijo apaixonado, o mesmo que nos filmes... mas é real. Riscando da lista o "eu" e o "tu" passemos para o "ele" . Teria de haver pelo menos discuções entre um mar de rosas, um desentendimento, por causa dele. Saíria sempre a justificação de que só te quero a ti, que só te amo a ti, e que ele não existe. Se estou contigo por alguma razão será certo ? - dir-te-ia eu com a consciência limpa, pois só tu me interessas. E mais uma vez, o tal beijo apaixonado depois de fazer as pazes. Sabe tão bem sentir-me bem contigo.
Agora, o mais importante : o nós. É o que uso todos os dias, todos os minutos da minha vida. O nós que existe em mim, o nós que existe em ti, o nós que nos une e nos torna num só.

O nós é para sempre bebe.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Os meus cãos


Matilde, Bingo, vamos à rua ?

Corríamos para o campo e íamos apanhar amoras, aquelas coisinhas deliciosas que me deixavam as unhas roxas e os dentes pretos. Alguns dentes ... Oh vá lá tinham-me caídos os dentes de leite sim ?

Era eu, de calções e sapatinhos com um balde na mão, e sempre com o receio de me picar nas silvas. Chegava eu a casa e, depois de tomar um banho para tirar a sujidade toda, uma mistura de amoras com terra que percorria o meu corpo todo, sentava-me nos degraus da minha casa a depenicar as amoras todas que havia recolhido. E eles, um de cada lado, sempre à espera que esticasse as mãos para eles as lamberem, com um ar de ansiedade como se não comessem à meses. Um velho senhor com boina e com aspecto de alentejano, contava-me histórias sobre um touro que vivia ao fundo do caminho das amoras que por sua vez se encontrava perto da minha casa e ao lado de um campo de concentração onde as ovelhas pastavam e onde se encontravam árvores numericamente marcadas. E eu, com algum receio que o touro me fizesse mal, só ia ou acompanhada ou só até metade do caminho. Das duas uma : ou ficava no baloiço, construído com apenas uma tábua de madeira e duas cordas amarradas a uma árvore, ou ia brincar no quintal, à volta da nossa pereira, com eles e com o Tosco, o nosso gato laranjinha que adorava subir árvores para as descer, simplesmente por isso lhe chamámos assim. Era tão bom ... gostava tanto da vossa companhia.

Quando mudámos para a casa do Vimeiro, passei a achar que vivíamos num «campo cidade» só pelo facto de Torres Vedras se encontrar a poucos km dali. Mal entrei dentro de casa reparei que não tinha um ar tão, digamos inocente, como a da Malveira. Odiava o facto de não ter um quintal igual, com uma pereira no meio, e para além disso era um quintal quase escasso cheio de cimento. Mas lá me habituei. O aspecto positivo era ter um canil para os cães se abrigarem e não terem de entrar em casa e patinhar o chão. A vivenda tinha dois andares e agradava-me o facto de ter um jardim e muito espaço no interior. Em frente à casa havia o D.Luís, um restaurante com takeaway e por trás da casa uma estrada de alcatrão com um prado com grande abundância de azedas. A mais ou menos 8km à frente encontrava-se a Lourinhã, uma vila onde o meu pai costumava ir comprar fruta e pão, ou apenas para beber a bica. As saudades da Malveira eram muitas mas os pequeninos faziam-me esquecer e nunca lembrar o facto do Tosco ter ficado lá, pois ele desaparecera antes de mudar de casa.

Corre Matilde, corre ! Anda Bingo, busca !

Quando passávamos pela vila, aquelas coisas lindas davam sempre nas vistas e aqueles olhos eram uma espécie de controlo para receberem festas. Sinceramente ? Eram os cães mais lindos que alguma vez vira e, sendo cães de caça deveriam ter um ar rufia, mas só tinham ar de cachorros fofinhos ! Como os cães davam bem nas vistas, resolvi tomar um caminho diferente enquanto o meu pai ia às compras. À medida que cresciam iam ganhando força e elegância e, como era eu que os passeava, chegava a casa estafada e deitava-me no sofá com bolachas e coca-cola à frente. Um dia o meu pai entrou em casa e disse-me sorrindo "Sara, olha o que trouxe" . Por meu espanto era um cão, um mini cão rafeiro e preto, com aquele pêlo quase áspero e com um cheiro desagradável. "Encontrei-o junto ao lixo" disse, enquanto espantada e enraivecida pelos donos não conseguia perceber como era possível terem abandonado um cão de mais ou menos um mês ao lado de um contentor. E Dicksy ficou, não sei porquê mas também nem achei que ficasse mal.

Corre Matilde, corre ! Anda Bingo, busca ! Dicksy não mordas a Matilde !

Até que a Matilde e o Bingo fizeram anos e resolvemos fazer um bolo de iogurte para toda a gente comer. Para que não bastasse juntou-se outro membro à familia : o Buba. Era assim um género de Pit Bull com rafeiro e era lindo ! Principalmente aqueles olhos verdes quase cor de alface e, apesar de ser pequeno era um grande cão. Lembro-me dos dias em que quase me matava a rir quando ia tomar banho. Gania, gemia e ladrava como se tivesse a pedir socorro por lhe estarem a molhar ! E comovia-me o facto de me sentar na escadaria da minha casa, quando tinha imensa vontade de chorar e tinha-os lá a tomar conta de mim. A Matilde a pôr a pata em cima do meu joelho como se estivesse preocupada, o Buba a morder-me a orelha para me fazer rir, o Dicksy ladrava para mim como se me estivesse a dizer para não ficar assim e para me animar, e o Bingo ficava calado, deitava-se, punha a cabeça em cima das patas como se não compreendesse porque razão estaria assim. E em vez de chorar de tristeza chorava de alegria, o que não durava muito pois de seguida tinha a Matilde a lamber-me a cara com aquela língua gigantesca que mais parecia uma fatia de fiambre ! Como eu me lembro ...

Corre Matilde, corre ! Anda Bingo, busca ! Dicksy não mordas a Matilde ! Buba calma !

Os meus Bibos

O Bingo morreu atropelado ... A minha reacção ? Doía mais quando olhava para a Matilde, dentro do canil, a maior parte das vezes de olhos fechados. Não estava a dormir, só guardava a dor e chorava ... como nós. Quando ia passear não corria, mantinha-se de cabeça baixa a andar ... como nós. Quando o meu pai trazia ração, não lhe apetecia comer ... como nós. Quando tentava adormecer só pensava no irmão, que era tal e qual como nós.

Vamos Matilde, cuidado Buba, anda Dicksy ...

O tempo foi passando e fomos aceitando que o Bingo devia partir em paz e que íamos ter a certeza de que ele nos estaria a ver de lá de cima. Os três Bibos, principalmente a Matilde, tentavam fingir que o Bingo tinha ido de férias, e passaram a divertir-se mais, até porque eu tentava animá-los.

Com a perda do Bingo, senti que me deveria aproximar dos outros, passar bons momentos com eles ! Eram tantas as festinhas, os beijinhos e, enquanto alguns achavam chato passear o cão eu fazia-o de livre vontade. À noite sentava-me no meio da estrada, pois sabia que quase nunca passavam carros, e punha-me a comer azedas enquanto o Buba andava trás dos gafanhotos e dos grilos, a Matilde a correr e a comer relva, e o Dicksy sentava-se no chão ao pé de mim com aquele ar de patrão como se mandasse na matilha, e punha-se de perfil com o peito e a cabeça erguida e os olhos semi-cerrados como se estivesse a posar. Olhava para ele, ria-me e brincava com ele dando-lhe festas na barriga, enquanto a Matilde e o Buba com ciúmes se dirigiam a nós para receberem festas também.
Sara, os Bibos morreram. Só o Dicksy sobreviveu.
ALTO !

Choquei aí ... o mundo parou naquele instante ... naquela hora ... naquele minuto ... naquele segundo.
Não ... não podia nem queria imaginar sequer ! Soube que, por vício os cães tinham comido relva mas por acidente a relva continha veneno para ratos. O Dicksy sobreviveu por ser rafeiro, e o seu corpo já estava programado para resistir nessas situações. Entro no quintal, sento-me nas escadas, chamo o rafeiro e encosto a cabeça dele ao meu peito enquanto me cai uma lágrima do olho. Eu juro, eu vi os olhos dele cheios de lágrimas, mas nunca cheguei a vê-lo derramá-las. Agarro no focinho dele e dou-lhe um beijo, os meus cães iam desaparecendo, um por um. Olhei para ele e reparei que tinha os olhos amarelos e fitei-me na sua cor. Pensei para mim mesma "Nunca reparei em nada vosso, limitava-me a estar com vocês, a tratar-vos como cães ! Mas vocês não são cães, nunca foram, vocês são os meus melhores amigos. Só depois de perder o Bingo é que vos dei o devido valor e mesmo assim ... não foi o suficiente, pois agora que vos perdi é que vejo o quão vocês me fazem falta, me são essenciais, me são importantes" .

F* ! - a minha primeira asneira. Senti uma necessidade tão profunda que a repeti umas trinta vezes enquanto gaguejava e perguntava porquê ? .
TODOS os dias o Dicksy começava a comer só ração. Já pouco ou nada ligava àqueles ossos de vaca enormes que o meu pai trazia do talho para os cães comerem, como se fosse uma sobremesa saborosa e nutritiva para os dentes. Talvez não quisesse porque costumava partilhar o mesmo osso com um dos outros e assim lembrar-se-ia deles.

TODOS os dias, e doía imenso, ele saltava para cima do muro e olhava atentamente para todo o lado, até para o nosso carro, enquanto chegávamos da viagem, para ver se os cães voltavam, mas o carro estava quase sempre vazio e as ruas quase desertas. E lembro-me de ver através da janela, num dia chuvoso, o pobre cão a empurrar a tigela da Matilde contra a parede com o seu focinho e a deitar-se junto dela, à chuva. Foi tão triste ... parecia que até as próprias nuvens choravam nesse dia.
Dicksy ... vamos à rua ...

Mais tarde acabou por morrer de velhice. Não me chocou muito, pois já estava habituada e saber que o cão tinha morrido de velhice não era nada comparado ao que soube do resto dos Bibos. Não que ele me fosse insignificante, mas o meu coração já estava tão frouxo que se chorasse nem o sangue das veias se tingia e se misturava com as lágrimas. Sim, o coração também chora, e chorou em demasia, mas comecei a aceitar que todos os seres vivos sofrem um percurso de nascimento, de vida e de morte. Admito, senti falta dele e lembrei-me de ver os seus olhos amarelados, contornados com um escurecimento do castanho ao preto, encharcados em água salgada. Infelizmente, não tenho videos vossos, nem fotografias que me recordem do passado, mas nada me pode tirar a memória e os momentos que passei com vocês.

Relatando isto, estarei a ser infantil ? Não sei, não é um tema rico em interesse, mas também depende do ponto de vista de cada um. E, de qualquer das formas, também não me considero uma adulta, apenas uma pessoa com muita sorte. Tive os melhores amigos que muita gente quer ter e não tem. Tive e tenho, pois um dia encontrar-vos-ei !

Os cães eram nossos irmãos, eram cães como nós e nós éramos pessoas como eles.

Biiibooss, vamos à rua ?
Nunca mais se ouviu isto.
Já não havia felicidade.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quem és tu ?


Que tipo de diário és tu que me dás respostas, que me dizes o que é certo, que me relatas acontecimentos?! Quem és tu que me deixas confusa e triste, que me deixas confortável? Porque fazes questão de me mostrares os meus erros? Porque... Ah, agora entendo. És tu!
És tu aquele que me dá as respostas, mas sou eu que as escrevo antes de as ler.
És tu que me dizes o que é certo, mas isso só eu sei.
És tu que me relatas acontecimentos, mas sou eu que os vivo.
És tu que me deixas confusa e triste, mas sou eu que choro de tristeza, que berro de raiva.
És tu que me mostras os meus erros, mas sou eu que os cometo.
És tu que me deixas confortável, mas sou eu que me expresso numa sopa de letras que comes como um sem-abrigo.
És tu que és alimentado, mas sou eu que te alimento.

Meu diário, meu protector, meu confidente ... meu melhor amigo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ciclologia


Um clima vulnerável toca-te no corpo num domingo primaveril, as andorinhas vagueiam como policias para encontrarem comida para as suas crias, um campo totalmente vazio e verdejante onde o sol iluminava os pinheiros que deixavam caír as pinhas sobre a sua sombra, uma brisa suave e serena como a água do rio que por ali passava, e uma vista lindíssima para as montanhas. O pôr do sol que se ia escondendo debaixo do mar calmo por onde navegavam as chamadas "bananas" - umas canoas amarelas - e os patinhos com a sua penugem branca que voavam por cima da cabeça e que emigravam para se abrigarem do frio do Inverno.
O cheiro matinal quando acordas e um cheirinho a panquecas logo de manhã já feitas, sabe-se lá por quem, em cima do balcão. As gotas de orvalho em cima das folhas do maravilhoso carvalho situado a 10m da tua casa. Aii paisagem maravilhosa daqui do meu alpendre, bem que posso pintar esta linda vista.

A casa arrefece, as velas apagam-se, o chá de erva doce que estava no microondas a aquecer ficou com um sabor estranho. A cama gigantesca com a nossa almofada em cima, aquela almofada que me deste de presente com uma fotografia nossa, e os lençóis que mantêm o teu cheiro. A loiça ainda pinga, a música toca, o vento bate na janela e ouve-se o seu assobio.
Assim de repente o sol aparece, e surge-me o nosso primeiro encontro na cabeça.

Discussões, discussões, discussões !
Sou de loiça sim? Também fico despedaçada com as palavras que dizes. Não me declaro como uma derrotada mas sim como uma VENCEDORA ! Porque EU sou livre, eu sei o melhor, eu tomo decisões, eu , eu , EU! E tu? Tu és quem eu amo, e deixo passar exactamente por isso.
Porque sei que se não te tiver não vale a pena viver.
É isto exactamente o que acontece : está tudo bem, tudo calmo, tudo maravilhoso. Depois discutimos e as coisas começam a arrefecer até que me espetas um beijo e volta tudo ao normal, tudo bem, tudo feliz!
Será? Volta tudo ao normal, mas deixa sempre marca como uma cicatriz.

Mas um dia ...
... ela há-de sarar.

domingo, 29 de novembro de 2009

Uma miúda sem sardas

antes de reproduzir, pausar a musica situada no final do blog


Lá estava eu, num cenário super romântico como um filme. Eu, debaixo da chuva, encharcada, com frio, a tremer à tua espera. Por fora a boca encontrava-se fechada mas por dentro chamava pelo teu nome. Por fora parecia uma pessoa normal mas por dentro era completamente louca, e ansiava pelo teu toque, pelo teu olhar, pelos teus beijos. Entranhou-se em mim o medo, o receio de te afastares, mas eu sabia que não te queria perder mesmo sabendo que não te tinha. Consumia-me a vontade de querer tocar nos teus lábios, contraía-se o meu peito quando imaginava que vinhas... mas não vieste.
Esperei por ti, até que me liga o teu melhor amigo a dizer que já estavas em casa. De facto não tiveste culpa porque nunca te cheguei a dizer, mas nesse dia nem um telefonema teu recebi. Cheia de frio dirijo-me à paragem, triste e com o nariz a pingar. O meu casaco preto tornou-se negro, o coração alimentou-se dos factos, o meu cabelo e as minhas calças estavam bastante molhadas, e não posso negar que os meus pés e mãos se encontravam congelados. Já no autocarro ouvia ironias e determinações do teu melhor amigo, dizendo-me que tinha de te esquecer e para partir para outra. Será que concordei ou limitei-me a aceitar?
Não. Eu não queria esquecer, não queria que a maré levasse tudo o que me pertencia, tudo o que NÓS passámos. O gelo do meu corpo, o vento, as gotas da chuva que caíam na minha cara, nem os factos me faziam aceitar que tinha de te deixar ir.
Obsessão? Não. Apaixonada? Talvez. Mas porque acreditava em ti, porque me davas esperanças de mão beijada dizendo que gostavas de mim, ajudando-me a pensar que um "nós" não era impossível. Quando afirmaste que me amavas, quando sonhaste comigo em que estava no altar de vestido branco e a dizer "sim". Quem estava lá comigo ? Eras tu! Até quando por estupidez minha te fui sincera a 100% e te disse que só queria que dissesses que me amavas se fosse realmente verdade e o que sentisses. "Amo-te" disseste tu num posterior momento de silêncio. O coração chegou aos 200 bpm's de pulsação e aí perdi a fala. Não queria estragar o momento e, sinceramente, foi bastante significativo para mim.
(...)
"Ele arranjou namorada" disseste-me tu mandando uma mensagem do telemóvel do teu melhor amigo, fazendo-me pensar que tinha sido ele a enviar e não tu. Por vingança sim, porque anteriormente tinha-te dito o mesmo mas disse-te que estava a gozar. De facto a tua vingança até me fez chorar, porque sabia que tinhas arranjado namorada dois dias depois de dizeres que me amavas e um dia depois de dizeres que tinha sido uma brincadeira. Precisava de ajuda porque sabia que não conseguia lidar com aquilo sozinha, porque sabia que ia andar a chorar pelos cantos se não soubesse da verdade. Não podes dizer que não lutei por ti porque é o que tenho andado a fazer ao longo dos dias e voltava a fazê-lo se soubesse que valeria a pena, se soubesse que vinhas. Eu podia gritar à janela que te amava, podia escrever-te poemas lamechas, podia aguardar por ti de manhã na porta do teu prédio, podia tomar conta de ti sempre que estivesses doente, podia TUDO. Posso estar a ser melodramática mas eu conheço as minhas capacidades e era capaz de lutar por ti mas não era capaz de o fazer sabendo que me davas expectativas e no momento seguinte acabavas com tudo. Brincar aos namorados não é para mim. Amar é amar, não é gostar nem pouco menos.

Exagero ? Não, eu gostava de ti.
E 2007 já lá vai.

domingo, 15 de novembro de 2009

Orgulho, Saudade, Distância.


Pai, se estiveres a ler isto peço por favor que compreendas.
Antes eras a pessoa em quem mais confiava, a pessoa que eu sabia que podia contar tudo o que se passava na minha vida, a pessoa a quem pedia conselhos sobre namorados e amigos. Antes eras tu e eu, que entrávamos dentro do carro e punhamos a cidade FM a tocar e tu vinhas sempre com aquele comentário "tu ouves isto? é sempre a mesma coisa" e eu punha-me a rir. Antes éramos nós os viajantes, éramos nós que preparávamos o jantar e que nos púnhamos a jogar Playstation na sala. O SSX era o nosso preferido, e tu jogavas com aquele musculado com cabeça de caveira e eu com aquela loiraça tão bonita, lembras-te disso? Lembras-te quando me ensinaste a comer com garfo e faca? Quando me ensinaste a fazer a cama sempre que me levantava? Quando íamos ao cinema juntos? Quando me levavas às cavalitas quando ia para casa da avó?
Lembras-te quando me pegavas ao colo por ter adormecido no sofá, me pousares na cama e me dares um beijo na cabeça? Lembras-te disso pai?
Eu lembro-me. E tenho saudades...
Até porque agora que vejo, esses momentos já não existem. E parece que não te dei o devido valor enquanto isso acontecia e agora que não os tenho sinto a falta deles, sinto a tua falta. Desde que a Francisca nasceu que eu te perdi quase por completo. Já não havia cinema porque ela não podia ir, já não havia Playstation porque tínhamos de tomar conta dela, já não havia cidade FM a bombar no carro por causa do barulho, já não nada pai, nada. Foi um impacto tão grande, afastaste-te tão rapidamente que me magoou. Não pai, não são ciúmes, é só que... sinto mesmo a falta do que éramos há anos atrás. Em que almoçava contigo no restaurante chinês por saberes que era o meu preferido, em que ficava tão contente por brincares comigo e irmos só os dois passear os cães. A Matilde e o Bingo pai, na nossa casinha na Malveira. Nós iamos os dois apanhar amoras e de seguida comê-las até ficar com as mãos sujas lembras-te? E até, quando íamos para o baloiço ao pé da nossa casa. E o Tosco? O nossa gato laranjinha, que até tirámos fotos!
Onde estão esses dias? Onde está o jovem quarentão que passava dias com ele?
Eu sei onde está. Está a trabalhar, está a tirar um mestrado, está a tomar conta da francisca, está a fazer o jantar, está a jogar à bola com os amigos, está a tomar conta da Leonor. E a Sara? Onde está?
A Sara está com a mãe, porque o pai anda ocupado. E quando não está vem buscá-la para ir a festas de aniversário, para tomar conta das pequeninas, para ficar em casa no computador por não ter mais nada para fazer.
O pai liga à Sara, e já lá vão umas quantas vezes que pergunta como vai a escola sem perguntar sequer se ela está bem. E pede informações sobre a escola de dança que a Sara põe em questão, porque se não puser o pai também não põe.
Como achas que me faz sentir? TODOS os dias falas sobre a escola, todos. Agora a primeira coisa que me perguntas quando entro dentro do carro é se trouxe os livros da escola, e o assunto tratado enquanto vou para casa é a escola e o meu futuro. Será que para ti sou apenas um livro escolar?
Tenho saudades de tudo pai, e já não tenho isso há 5 anos. Obviamente não te peço para me dares mais atenção a mim do que às pequeninas, mas não posso pedir um pouco mais de preocupação por mim? Não posso pedir um pouco mais de atenção que pelo menos acho que mereço? Não posso pedir momentos de pai & filha?
Sim pai, estou a crescer, terei alguma culpa? Sendo adolescente não precisarei do meu pai? Sendo já crescidinha não posso ser a menina do papá?
Eu choro por isto sabes? E choro por saber que falas de mim quando não estou, todos os dias, mas que depois não mostras que tenho valor para ti. Eu sei que gostas de mim, estás a fazer o teu papel de pai, só queria voltar atrás. Porque eu já tinha de aceitar o facto de que eras um pai ausente e agora que sei que me podes vir buscar mais vezes continuas distante, cada vez mais distante.
Quero-te de volta, só isso.

domingo, 8 de novembro de 2009

Amar depois de amar-te


O que sou adoro ser, o que fui não quero ser, o que senti queria sentir mas acho que depois de tudo o que passei não sou capaz. Claro, toda a gente pensa que o passado é aquele período de tempo que se vive e é esquecido. O meu passado foi mais do que isso, foi e ainda é um pedaço de mim. Verdade, esse pedaço já não está tão intacto como deveria estar mas, apesar de tudo, vivi a minha vida como se não houvesse amanhã. E de uma coisa não me arrependo: amei uma pessoa com todas as minhas forças e alma que para mim, isso não bastou.
No fundo, não bastou mesmo. O resultado de todo o amor que entreguei foi uma mera desilusão tão profunda como o oceano, que me fez sentir como te estivesse a desfalecer, a perder as forças, a cair aos bocados, a morrer. Interrogo-me por vezes, por que razão ainda hoje o meu coração chora, apesar de ser muito pouco, se já passaram dois anos desde então ?
Entreguei-me de corpo e alma, cuspi na mão dos que me davam de comer, mordi a boca a quem mandava críticas e, enquanto se mostravam superiores e sabedores do conhecimento dizendo que, na verdade, o nosso amor nunca iria durar para sempre e que tu só querias abusar de mim, acabei por dizer caga já, não vai resultar.
Dizia-lhes isso mesmo. Porquê? - perguntas-te a ti mesmo, leitor deste romance com final trágico.

Porque eu acreditava em "nós", porque eu sentia dentro do meu peito que íamos ser o clone da felicidade, e acreditava sinceramente que tinhamos sido feitos um para o outro !
Porque o amor que te entregava de mão beijada era das coisas mais poderosas e sinceras que te poderia alguma vez entregar.
Porque eu sentia cada vez mais o meu peito distendido e coeso de tanto bater por ti, cada vez mais me cegava por nós, cada vez mais sentia que eras o homem da minha vida.
Porque apesar da diferença de 4 anos de idade (13-17), eu era aquela miúda que te amava bastante e mais ninguém te amava tanto como eu.

Depois de tudo isto, morri. Mas morri mesmo por dentro, nada de ironias. Acabaste comigo com uma desculpa qualquer, para quê? Para não me magoares? Para fugires ao assunto tratado?
Andaste com uma amiga minha, com que intenção? Para me veres a chorar?
E... enquanto escrevo isto tudo, sinto-me cada vez mais magoada ao relembrar, e questiono-me:
- saberias tu o significado de amar?
É que eu sabia, agora já não sei se sei. Eu sabia SIM! Amar-te foi o que mais me soube bem ao longo destes anos todos!
Saberias tu o quanto te amava ao ponto de dar a minha vida só para não te perder?
Saber através do objecto mais influenciável do mundo (computador) que me tinhas traído ao engravidar aquela que já, anteriormente, nos tinha tentado separar?
Achas que não custou? Arrepiaste-te ao menos, quando soubeste que me tinha cortado na anca ao ponto de deixar uma cicatriz como marca dos melhores momentos da minha vida? Perguntaste-te o que fiz depois destes meses todos?
É estúpido, é verdadeiro, é triste. E neste momento estou a chorar, porque recordo-me do quão eramos felizes um ao lado do outro, recordo-me de tudo o que já passámos. E é neste momento que afirmo: TU AMAVAS-ME!
Eu sei que sim ! Será o meu papel apenas ter medo do bicho-papão, acreditando quando me dizias que tudo ia correr bem, ou terei também uma opinião a dar? A maneira como olhavas para mim, como me sorrias, como me beijavas, como me agarravas na mão, como me sentias, como me abraçavas, como TUDO!
Tudo Daniel... tudo.

Afastei-me do mundo todo por ti, só por ti. Amar-te? Era tão pouco ...
Agora continuo a lamber as lágrimas que me escorrem pela face como gotas de chuva no vidro de uma janela.

Conseguirei esquecer tudo e pensar mais no futuro?
Conseguirei eu amar depois de amar-te?

Não sei... até lá limito-me a ir vivendo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Querido Diário


É um pedaço de papel, uma folha de um diário. Começas a escrever o que te vai na alma diariamente até que, quando dás por ti as folhas já não guardam mais espaço para palavras ou sentimentos. E já tu, curiosa para ler o que viveste no passado, pões-te a folhear até ao sexto dia do mês de Março e começas a ler :

" seis de Março de dois mil e sete

Querido Diário
Aqui mostro-te um pequeno comentário sobre o dia de hoje. Esta data vai ficar certamente marcada na história da minha vida !
Em que circunstâncias devemos admitir que amamos uma pessoa? Aliás, de certa forma sempre me interroguei para que serve amar alguém, mas nunca cheguei a uma conclusão! Eu sei que é deveras complicado responderes-me a esta pergunta mas, o que é o amor?
Será um passarinho que nos encanta com o seu cantar e nos faz sentir livres?
Será um avião que vagueia pela nossa cabeça e nos baralha as ideias de forma a imaginar que podemos voar ?
Será que é um bichinho microscópico que entra no nosso corpo e nos dá apertos na barriga e, por vezes, nos deixa com a pele húmida?
Será o amor uma coisa que se possa comprovar científicamente ou é uma coisa da vida?
Isto tudo é uma teia de perguntas relacionadas umas com as outras, e nós, pessoas curiosas, Homens, filósofos, somos as moscas que se colam a elas com o objectivo de saber as respostas. Agora te pergunto, quem será a aranha?
A aranha é a vida, que nos capta a atenção de tal maneira que ficamos fascinados com a maneira dela ser? Ou é o caminho para a morte que, por nos hipnotizar com as suas teorias e maneiras de ser e nos faz ter a certeza de que o que dizemos está certo, nos mata?
Não sei como te explicar porque razão estou a fazer estas perguntas, até porque tu és apenas um pequeno caderno a que chamam de diário, mas estas perguntas inquietam-me! E, por mais que me aches fatigante por fazer estas questões, muitas delas sem resposta concreta, eu ainda te pergunto: se o amor é uma coisa da vida, o que é a vida (...)?
É um pedaço de papel, uma folha de um diário! Quando dás por ti tens uma vida escrita em palavras e pormenores que, depois de leres tudo, interrogas-te porque razão o que fizeste no passado foi feito assim e não de outra maneira! E quando finalmente me perguntas o que é o passado eu respondo-te:

é um período de tempo da tua dita aranha
não o podes corrigir, mas aprendes a viver com ele (...).

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

If I stop would you come ? [Amo-te]


Vivi em tempos ligada a ti, em que nos deitávamos na areia e olhavamos para milhares de estrelas numa noite de quarto minguante, que iluminava as nossas faces e nos fazia imaginar de que cor seria o céu se pudéssemos dar uma "vista de olhos" por lá. Em que passeávamos no parque e me ensinavas a andar de patins, e que quando estivesse quase a cair, devido ao meu esforço magnifico de me tentar equilibrar nas rodas, sentia-me segura ao saber que jamais deixarias que isso acontecesse. Em que íamos ao centro comercial discutir sobre o sabor do gelado que iríamos comer mas que, depois lá concordamos com um gelado de tiramisú que é repartido pelos dois, ou quando bebíamos um batido de baunilha (o nosso preferido) e pedíamos duas palhinhas para termos motivo para nos aproximar e olhar olhos nos olhos e, ficarmos de tal maneira hipnotizados, que o mundo à nossa volta era apenas um fundo com ausência de cor e nós a única coisa colorida. Em que jogava à apanhada contigo lá no jardim, perto de uma escola primária, e os miúdos agarrados com as suas pequenas mãos ao grande gradeamento a ver-nos comportar como eles, em que corrias atrás de mim e me agarravas na mão para não me deixares fugir, caíamos os dois ao chão e rebolávamos na relva como se fossemos livres ! Em que adormecia no teu colo a meio da sessão de cinema com as nossas pipocas com sal, de um filme de acção ou de suspense, em que me davas festinhas no cabelo e que até já o João Pestana chamava por mim. Em que me beijavas à sombra, debaixo do pinheiro bravo, e em casa quando partilhávamos a mesma cama. Em que sentia o teu espirrar matinal devido àquele dia chuvoso em que jogámos à bola, e que acabei por ganhar 3-1, por achares que merecia e não por não teres capacidade, porque quiseste armar-te em cavalheiro e sofrer uma humilhação, porque isso era indiferente para ti, pois só querias ver-me a sorrir (...). Em que adormecia a pensar em ti, sonhava contigo mas acordava sozinha e que, segundos depois, olhava para a mesinha de cabeceira e tinha sempre um pequeno-almoço servido e um bilhetinho em que te despedias e pedias desculpa por teres de ir trabalhar cedo com urgência, e com uma rosa vermelha ao lado do candeeiro. Em que pegava nessa mesma rosa para sentir o seu aroma e surgia-me a tua cara no pensamento. Ainda vives comigo, apenas na minha mente de facto, mas lá ainda me beijas suavemente e sussurras a palavra "amo-te" ao meu ouvido. Adivinha : eu também te amo !

terça-feira, 29 de setembro de 2009

HULK !



O Hulk quando fica enjoado fica de que cor ?

Até onde irá a tua cabeça ?


Uma energia estupenda, um ritmo acelerado mas confortante em que o teu corpo sua até não poder mais ! Uma força de vontade enorme ao início e um cansaço após um grande esforço para continuar. Podes fazê-lo com mais pessoas ou então, se te der prazer podes fazê-lo sozinho/a. Podes fazê-lo sempre que quiseres : de manhã, à tarde ou à noite, com o/a namorado/a ou com outra pessoa à escolha. É bom, faz bem à saúde e ajuda-te no teu aspecto fisico.

De que falo ?