segunda-feira, 31 de maio de 2010

The notebook - o meu 1º drama


Lá está Sarah, uma senhora de idade que nunca pensei conhecer, sentada na sua cadeira de baloiço a ler um livro de capa escura e que parece conter uma história fria e triste. Contudo, Sarah parece ter o seu espírito sempre alegre e delicado, não mostra quaisquer preocupações mas ... sou um pouco assim, e entendo que exista algo muito profundo no seu coração, algo não tão agradável. Todos os dias a vejo com aquele livro, grande, pesado, possivelmente detalhado, e todas as noites a vejo a adormecer com ele no seu colo. Curioso, via-a sempre tapada com um cobertor laranja e, horas depois de a ver adormecer, regressava à janela para fechar as cortinas e ela já não se encontrava lá, só aquele livro misterioso em cima da cadeira que por vezes parecia chamar por mim para o ir buscar (...) para o ler.
O mais inquietante é que sempre que espreito pela brecha da porta da minha casa, para que ela não pense que a observo (até porque o faço), eu não vejo uma senhora idosa, vejo uma rapariga. Questionei-me, decidi investigar.
Na noite de domingo 23 dirigi-me à cadeira e tirei-lhe o livro durante um tempo e voltei a colocá-lo, e repetidamente o tirava emprestado e o devolvia discretamente. Sabia que aquele livro tinha algo mais do que uma simples narrativa, sabia que continha segredos. Indelicada e coscuvilheira fui, errei eu sei, mas que mal faria se apenas lho tirasse quando ela não necessitasse ? Era apenas um livro, também queria ler .
Que livro ... eu li-o. Sinceramente, gostaria de não o ter feito.
Sarah era jovem, elegante, tal como eu a via, e sofreu uma desgraça devido a alguma falta de responsabilidade, o que não quer dizer que fosse merecido.
Passou uns terríveis meses no acampamento de Lakeview Terrace, um acampamento perto de uma floresta com um lago junto a uma casa abandonada. "À noite contavamos histórias de terror uns aos outros dentro da tenda com apenas uma lanterna a dar-nos luz, cantavamos e tocavamos guitarra junto da fogueira, parecia ser divertido" dizia uma parte do livro.
Pelos vistos aquele livro fora escrito por Sarah quando era uma adolescente, numas férias que passou com os amigos e com a família.

"Já consigo imaginar : acordar com o cantar dos pintassilgos ou com os ruídos da floresta. Era um ambiente muito confortável, o lugar ideal para se passar férias. Decidi ir com Mike passear pela floresta, estar um pouco com ele a sós. Eu gosto dele, acho que ele seria o homem perfeito para mim. Passámos pela casa abandonada, ele só me pedia para passar por lá durante uns minutos com ele para ver o que aquilo continha (...) e fomos. Tinha um ar ... não sei explicar, sombrio talvez ? Aliás ali tudo era sombrio e sinistro, tanto que tinha o aspecto ideal de local abandonado.
A casa era pequena : uma casa de banho à esquerda, uns móveis ali, uma mesa acolá, um sofá cheio de pó, um frigorífico, um armário grande e um balcão. Para alegrar o sítio, Mike resolveu acender umas velas, pô-las em cima da mesa e puxar a mesa para o sofá. Romântico de meia tigela, mas fiquei contente pela atitude ! Sorri, sentei-me ao lado dele. Foi de derreter o momento que passámos naquele sofá ! Podia situar-me no pior local possível mas ao lado dele tudo parecia diferente, ele dava outro aspecto às coisas ! Falámos, rimo-nos, divertimo-nos. O mais romântico foi ele ter puxado de uma flor, (bem, quase uma amostra), bem pequenina e azul, ter-ma posto na mão e ter-me dito olhando-me olhos nos olhos « eu amo-te » . Beijámo-nos (...) e os restantes dias de férias repetiam-se da mesma forma ! Todos os dias, a partir das 17h dirigia-me àquela casa para ir ter com ele, para estar com ele, para me perder nele, e voltavamos sempre de mão dada. Ele um aventureiro querido, eu uma romântica incurável, dependíamos um do outro.
Lembro-me de um dia me dar um colar, me abraçar e dizer que jamais quereria perder-me. Disse que estaria à minha espera no « sítio do costume » como ele costumava dizer, e eu ansiosa por voltar a estar com ele corri em direcção à casa abandonada. Entrei. Estava escuro e parecia não estar ninguém. Segui em frente, olhei à volta, não via quase nada. Abri a porta e uma grande sombra humana cobriu o pouco sol que me batia na cara. Era um homem grande e com um bigode muito mal feito. Estupefacto projectou-me um olhar ameaçador que me fez arrepender de ter entrado ali, mas onde estaria Mike ? Tentei fugir, tranquei-me na casa de banho pois sabia que se tentasse sair pela porta da frente que teria de passar por ele, e ele era largo e muito provavelmente iria agarrar-me e fazer de mim a sua boneca. Procurei por uma saída mas não havia, peguei no telemóvel mas não tinha rede, não tive muito tempo também, ele acabou por arrombar a porta ao terceiro pontapé. Corri mas ele pegou em mim pelos cabelos e atirou-me ao chão pondo o seu pé em cima das minhas costas e fazendo-me rastejar até à saída a pedir socorro, mas ninguém me ouviu. Naquele momento culpei-me a mim por ter ido lá parar, culpei as árvores por sugarem os meus gritos como uma esponja, culpei Mike por não estar lá quando precisei.
Aproximou-se de mim com o seu mau aspecto, sentou-se em cima de mim e eu cuspi-lhe na cara, o que por acaso resultou para conseguir sair dali. Revoltado deu-me um estalo e afastou-se para limpar o cuspo e entretanto, tentei escapar-me. Fugi, corri como se a minha vida dependesse disso, mas como o destino havia traçado eu iria tropeçar numa raiz e iria ser novamente apanhada pelo lenhador desconhecido. E lá no mais longínquo rio ouvia-se um grito abatido pelo som da água e que, aos poucos, desapareceu com a corrente ... mas não seria ali que me iria castigar.
Levou-me de volta à casa, amarrou-me, tapou-me a boca com um pano e pendurou-me no tecto. Fiquei suspensa no ar, cheia de medo, gemia de pavor, tentava tirar as cordas mas só me magoavam ainda mais, só me arranhavam e então mantive-me quieta. Sentou-se no sofá a olhar para o meu ar de aterrorizada e mexia num facalhão como se pensasse em matar-me. Não, não iria matar-me sem se divertir primeiro, e para tal diversão dirigiu-se a mim com a arma na mão. Pousou-a de lado na minha bochecha, deslizou-a para a minha boca, colocou a ponta da faca no meu pescoço e deslizou-a dessa forma até ao meu umbigo e disse :
- É aqui que queres que te fure ?
Suspirou, largou a faca, aproximou-se do meu ouvido e colocou a mão na parte de dentro da minha coxa deslizando-a muito lentamente para cima. Ouvi-o inspirar, a sentir o meu perfume, e perguntou-me baixinho :
- É aqui que queres que te fure ?
De repente entra Mike com uma garrafa de vidro e dá-lhe com ela na cabeça que o deixa adormecido. Soltou-me, pegou na minha mão e levou-me para casa. Não podíamos contar a ninguém o que se passara, se o meu pai descobrisse jamais nos perdoaria, então decidimos esquecer o que aconteceu e seguir em frente sem olhar para trás, aliás, ele não sabia onde morávamos.
Acabei por me candidatar a um workshop, e mais tarde passei a fazer da minha vida uma ilusão : tornei-me ilusionista. Era um pouco estranho, no meio de tantas profissões escolhi magia mas eu por acaso gostava bastante de ver coisas desse género na televisão. Cheguei a ter um mês de treino mas de facto nunca cheguei a actuar por vergonha, por falta de positivismo, e eu queria passar o resto das minhas férias com o Mike.

Um dia acordei e a casa estava completamente silenciosa, nunca tinha estado assim. Procurei, não ouvia ninguém mas senti dentro de mim um arrepio, algo que me dissesse que alguém estava a chamar por mim. Procurei pela sala, pela casa de banho, pelos quartos e, ao passar pela cozinha vejo um bilhete amarelo colado no frigorífico que dizia : « 17h » . Não pensei duas vezes, na minha cabeça era apenas Mike que havia planeado qualquer coisa a essa hora, então aguardei no alpendre da minha casa e pus-me aqui a escrever. O tempo passava, ia escurecendo a pouco e pouco, a minha ansiedade aumentava, a minha imaginação ia-se alargando. Na minha cabeça só o imaginava a abraçar-me e a beijar-me apaixonadamente como se fosse a última vez que o fizesse, mas esse momento ainda estava para chegar. Seria aquele o momento ideal ?
Aguardei. 17h , olhei em volta não o vi em lado nenhum. Levantei-me, chamei por ele, desci as escadas e procurei. Vi o resto dos meus amigos atrás da casa a tocar guitarra e a cantar, e eu corri em direcção a eles e perguntei por Mike. Disseram-me que não o tinham visto então voltei para casa e fui para a cozinha fazer uma sandes. Estava com fome, ainda não tinha lanchado, fui buscar o pão ao armário, a faca à gaveta e a manteiga ao frigorífico, mas quando dei por mim a olhar para a porta já não havia bilhete amarelo colado. Raciocinei : ainda hoje de manhã estava ali colado, fui para o alpendre ninguém poderia ter entrado comigo ao lado da porta, fui para trás da casa ... alguém entrou enquanto fui à procura de Mike ! Mas enquanto raciocinava alguém me agarrou e me pôs um pano qualquer a tapar-me o nariz e a boca que me fez desmaiar e só acordar de noite.
Abri os olhos, acabara de acordar. Doía-me a cabeça e só fiquei em mim quando olhei em redor.
« Mike , és tu ? » , perguntei desconfiada, ansiosa para que ele me respondesse, mas nada. Levantei-me, suspirei, caminhei em direcção ao grande armário, abri a porta e morri
" .

Foi isto que eu li no livro de Sarah e notei que a última palavra estava escrita com outra caligrafia mas não mostrei importância. Já me caíam lágrimas dos olhos e só queria ter lido mais história do que aquele livro continha. Tinha por ai umas 100 páginas e sobraram por volta das 50. Pois bem, 30 páginas mantiveram-se em branco mas as outras 20 estavam escritas , com outra letra, uma letra mais profissional pudera.
"Encontrei o corpo dela. Procurei durante semanas por ti com a ajuda do FBI, dia e noite, sempre com uma foto tua no bolso. Perguntei à vizinhança, a toda a gente se te tinham visto mas tinhas desaparecido, menos do meu pensamento (...) . Ao ler este livro apercebi-me o quão perturbada ficaste com o dia que passámos trancados naquele armário daquela casa horripilante. Não escreveste sobre nada, nada sobre o frio que passámos ao ponto de termos adormecido durante umas poucas horas agarrados um ao outro, nada sobre a luz que passava pelos buraquinhos da porta, nada sobre o som do afiar das facas do outro lado do armário, nada sobre termos feito amor pela primeira vez e termos sentido a paixão nua e quente, que nos fez vibrar o corpo e que nos afeiçoou um ao outro. Eu recordo-me e não quero esquecer, nunca.
O teu sorriso, os teus olhos, tudo isso me fazia acordar bem disposto de manhã e vestir-me apressadamente para voltar a dar-te um beijo que fosse, mas desde que foste já não tenho fome, já não quero dormir para os dias não passarem, já não quero voltar a amar, dói muito perder tudo o que dá sentido à nossa vida. Eu acho que me perdoas por não ter estado lá, estava a planear andar na montanha russa contigo e fui comprar os bilhetes logo de manhã, mas quando voltei já estavas ausente, já toda a gente me tinha dito que provavelmente tinhas ido à minha procura.
Corri o mais depressa possível em direcção à casa abandonada, com o livro que escreveste na minha mochila, com esperanças de te encontrar, e sim encontrei-te. Sei que é um assunto sério, mas arrisco dizer que o meu queixo quase bateu no chão. Tu ? Eras tu sim, com roupas rasgadas, feridas nos joelhos, terra nos cotovelos, e o que mais me contraiu o coração foi ter-te visto à beira do lago molhada e com os teus pés ainda a tocarem na água. Foi assim que te encontrei, e quão despedaçado estava o meu coração (...) . Olhei para ti, tinha a certeza que me estavas a ver de lá de cima, então beijei-te apaixonadamente e com uma precisão de nunca te largar como nunca tinha feito, senti amor, muito amor a encher o meu coração que se encontrava pétreo. Aquele foi o momento ideal que falaste, pena ter sido tarde demais para o conseguirmos (...) .
Agora pego na minha ponta-e-mola e no colar que tens ao pescoço, aquele que eu te dei, olho para ele com lágrimas nos olhos, olho para ti e vou perfurar o meu peito até ao seu mais profundo nervo para seres minha para sempre, foste na vida e vais ser até depois da morte. A morte não me atormenta, sei o que há do outro lado, se não for o que penso, saberei sempre que podes estar comigo e de lá ninguém te tira, lá ninguém te magoa, lá posso olhar para ti e isso vai fazer com que, de certa forma, passo pelo processo de reencarnação. Eu amo-te e sei que me amas também, e teres estado comigo aprendendo os meus passos e confiares em mim foi a maior prova de amor que me poderias ter dado, mas por norma do injusto destino, a morte separar-nos-ia.
Não ! Estou aqui com os olhos encharcados de lágrimas, exactamente para infringir essa «lei», mostrar que nem os céus nos vão separar ! O céu é muito vasto, as núvens cada vez mais confusas com a sua mudança de cor e com a sua camuflagem, mas eu vou encontrar-te custe o que custar.
"

Nunca ouvi falar de tal situação nas revistas ou nos jornais, e continuava a não perceber o porquê da velha ser a possuídora do livro.
Entretanto entrei para a literatura e escrevi este livro baseado no de Sarah, aceito e mantenho os direitos de autor claro, e até digo mais : mais tarde pesquisei o dono daquela casa onde se situava Sarah, porque de facto a pequena rapariga que morreu é o espírito idoso que vejo todos os dias de manhã, um espírito feliz e muito agarrado às recordações do livro que, apesar de não contarem muito sobre o sucedido (apenas que o lenhador fora condenado a prisão perpétua), é uma verdadeira história de amor entre adolescentes que podiam não saber muito da vida, mas percebiam a realidade, e ela mostrou-lhes o que é amar, mostrou-lhes que cada passo que se dá é uma frase de um documento entre biliões deles, que estão guardados numas gavetinhas, e eles contêm o passado, o presente e o futuro de cada um ser vivo. Já imaginaram ? Uma infinidade de folhas de papel que diz quando nascemos, quando choramos, quando erramos, quando morremos. De facto ela manteve-se ali naquela casa, passou a viver lá de certa forma para se sentir jovem e viva. Ela sempre foi jovem, só que preferiu usar um protótipo (provavelmente da sua avó) porque a última visão dela fora uma rapariga morta à beira do lago, então mostrava-se velha apesar de nunca ter envelhecido, e claro mantinha-se sempre no seu « sítio do costume » .
O que me faz acreditar cada vez mais é que o destino traçou que Mike tinha de sobreviver, mas morrer por ela, como assim aconteceu.
Na última página desse livro encontrava-se uma frase : perdi ao tentar encontrar-te, mas foi graças a ti que me encontrei.

Com isto tudo percebi que o amor tem mais poder do que aquilo que nós julgamos, que apesar de ter limites eles aumentam consoante a loucura apaixonada, obcessiva e/ou doentia de cada um, que Mike ao se suicidar estaria a entregar com precisão e determinação o seu corpo e a sua alma. Eu entendo o porquê, o amor da nossa vida só aparece uma vez.

Sarah Lawrence, O diário da nossa paixão, 2009/2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sorriso

Estava numa bela manhã de domingo, encontrava-me no Parque da Cidade, fazendo o meu jogging matinal. Percorria pelo enorme arvoredo sobre o chão de terra com os meus calções azuis como o próprio céu, esperando por uma brisa que me refrescasse o corpo. Para onde quer que olhasse reparava nos casais sentados, apaixonados com harmonia da palavra "amor" em torno deles.
Quando me preparava para me ir embora reparo numa linda rapariga, com uns olhos cor de mel, magoada e deitada no jardim de uma forma meia angelical. Apoiando-a pela cintura e segurando gentilmente na suave mão dela, ajudei-a a sentar-se. Julguei tratar-se de uma pequena entorse, massagei-lhe então o pé.
Sara sorria sem motivo aparente para Miguel, e ele ao questionar-se a si mesmo chegou a perguntar o porquê e Sara, já rendida no seu olhar, respondera que se devera pura e simplesmente ao "amor à primeira vista".

E foi mesmo, ela nunca vira ninguém que lhe fosse tão delicado e gentil. Apaixonou-se loucamente por ele, com o tempo foram descobrindo os seus defeitos, o passado e os erros dela destruíram muita coisa tal como alguma tolerância para com ele, mas ambos cada vez mais ansiavam estar um com o outro para sentirem a paixão, nua, crua, pura e verdadeira que sentiram desde o primeiro sorriso ... assim ela acha.

Itálico : MS
Bold : Sara Sousa

terça-feira, 4 de maio de 2010

Violência não merece perdão .


Corri para te apanhar mas quem fugia era eu
Batias , mentias , rias e não reflectias
Não pedias desculpa mas aceitava o teu perdão
Porque nada bate mais forte do que o meu próprio coração
Era cada discussão que me fazia pensar
Se eras tu o homem com quem me queria casar
Olhava-me ao espelho e algo me aterrorizava
Era sempre a mesma merda de inchaços na minha cara
Tentei cagar para isso mas estava sempre à vista
Que afinal não é o amor , é o respeito que se conquista
Não vou tentar impôr respeito , tenho medo de ti
Já nem me recordo do último dia em que sorri
Mas eu sei que as pessoas que bateste e castigaste
Que vais ser castigado pelos corações que quebraste
Sinto-me só , já nem quero ninguém ao pé de mim
Não tenham pena de mim , o destino é mesmo assim
Estou farta de limpar o sangue da minha roupa
Todas aquelas que usei quando me partiste a boca
Eu juro , quero fugir daqui e não voltar
Não nasci para ser espancada , nasci para amar
Quero ser feliz , voltar atrás uns anos
E voltar a acreditar que ambos nos amamos
Estou cansada de chorar só quero desaparecer
És o amor da minha vida mas fazes-me sofrer

Não és só mais um.


É assim desde que me lembro ...

Sabes esconder , escondes , escondes-te.
Escondes a modéstia , a luxúria , aquilo que faz faltar-te a coragem para dares de comer aos pobres. Aquela tua bondade , aquela tua riqueza de lógica , aquele teu olhar fortunante.
Não pretendo representar a mentira mesmo sabendo que menti , não tenciono descrever o errado pois sei que já errei , tenciono apenas mostrar-me calada às tuas palavras. A minha vontade é colocar sobre a cartilagem que possuis , é tocar no doce que anseias saborear , é sentar-me em cima do ramo e dançar em cima dele como uma acrobata , é sentir o champanhe escorregar ? Não ! A minha vontade limita-se apenas a ter-te comigo.
Jamais quereria trocar prazer contigo sabendo que não me amavas , sabendo que pensavas noutra pessoa enquanto acordavas ao meu lado.
Amo-te mesmo, tanto, pouco mais e desde o dia em que nos conhecemos. Cada vez mais anseio pelo nosso fim-de-semana de Verão , pela nossa tarde em Lisboa , pela maneira como imagino como a nossa timidez nos irá captar . Cada vez mais me imagino deitada no teu peito a olhar para ti enquanto dormes .


Amo-te Miguel Sousa .


« se eu não te amar então cortem-me a **** » , expressão de Luis Cunha .